Tem início o Ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos


Roma (RV) - Tem início esta segunda-feira, 6 de junho, o Ramadã, mês sagrado de jejum e oração para os muçulmanos.

Durante o mês sagrado, os fiéis podem fazer refeições leves antes do nascer do sol (o 'suhur'), deixando a refeição principal para depois do pôr-do-sol (o 'iftar', que quebra o jejum).

Segundo a tradição, o Alcorão foi revelado por Deus ao Profeta Maomé este mês, que se conclui com a Festa do Eid al-Fits, marcada por celebrações e suntuosos banquetes.

Proximidade do Patriarca Caldeu

O Patriarca Caldeu Raphael Louis I Sako - citado pela Asianews - dirigiu uma mensagem de paz, unindo-se "aos irmãos e irmãs muçulmanos", a quem expressa "solidariedade e sentimentos sinceros" por este período particular de "jejum, oração, arrependimento e mudança de mentalidade".

Na mensagem dirigida aos muçulmanos, o Patriarca sublinha que este tempo é uma "oportunidade" para colocar em prática "compaixão e caridade".

Patriarca assegura oração dos cristãos

No período difícil pelo qual atravessa o país, com milhares de mortos, feridos e deslocados, Sua Beatitude invoca um "Ramadã excepcional" em termos de renúncia à ideologia extremista e sectária; construção de uma cultura de reconciliação; promoção de valores de tolerância, proximidade e amizade e o favorecimento de uma coexistência pacífica, o diálogo e o respeito recíproco.

Ao desejar para breve uma libertação de todo o território nacional da presença dos terroristas do Estado Islâmico, Dom Sako assegura para todo o mês do Ramadã as orações dos cristãos.

Significado e importância

A teóloga iraniana, docente de Estudos Islâmicos na Pontifícia Universidade Gregoriana, Shahrzad Houshmand, falou aos microfones da Rádio Vaticano sobre o significado e a importância do mês sagrado para os muçulmanos:

"É o mês do grande esforço para um bilhão e meio de muçulmanos no mundo. Neste mês o corpo e a alma se envolvem de modo significativo, porque se abstém - do amanhecer ao pôr-do-sol - de beber e de comer, e também de relações sexuais. Envolve as mulheres e os homens adultos, enquanto os idosos e as mulheres grávidas podem adiá-lo para outro momento. É um mês de grande importância, porque vemos diversas palavras surgirem de modo claro: controle e autocontrole, partilha, perdão, oração, vigília. O controle, seguramente, visto que se trata de um esforço grande de controlar os primordiais instintos naturais do ser humano, que são precisamente o beber e o comer, um controle que seja autocontrole, porque ninguém controla o outro se escondido quer comer alguma coisa. É portanto, chegar à consciência de poder guiar também os próprios instintos mais naturais. A partilha, porque no final deste esforço diurno, existe a recomendação de partilhar o alimento junto com outros irmãos e irmãs. É também o mês do perdão, porque - diz a tradição - as portas do céu são abertas pela misericórdia e pelo perdão divino. Portanto, os fieis procuram recordar os próprios erros, pedem perdão por aquilo que passou e pedem também por um futuro mais luminoso. Além disto, visto que o perdão de Deus está aberto de uma forma tão grande, é recomendado também perdoar-se reciprocamente. E visto que é o mês no qual a Palavra Sagrada do Alcorão teve a sua manifestação, é também o mês da oração, motivo pelo qual, às orações canônicas, se juntam outras orações. E por isto existe a palavra vigília: estar vigilante também durante as horas nas quais aparentemente o sol está ausente para poder acender a aurora. Também isto tem um significado. Al-Ghazali, o grande teólogo muçulmano, já há mil anos no livro "Alquimia da Felicidade" descreve o verdadeiro jejum, dizendo que não é somente abster-se de beber ou de comer, mas é abster-se totalmente de tudo aquilo que distrai a pureza do homem. Assim, te absténs do beber e do comer, mas deverias também chegar ao segundo nível, que é o de abster-se do ódio, da inveja, da arrogância, da soberba e de todas as formas que ferem a originalidade e a pureza da alma; para depois alcançar - para quem pode - o terceiro nível, que é o abster-se de tudo aquilo que pode distrair".

RV: Portanto, também para os não-muçulmanos é importante conhecer as tradições ligadas a esta recorrência, para entender o seu significado e isto para evitar preconceitos, incompreensões, intolerância ou simplesmente desconhecimento...

"Sim, absolutamente sim! A ignorância e o desconhecimento criam realmente a base para toda intolerância e também para cada - infelizmente - agressão ou violência. O conhecimento é o melhor caminho para uma vida partilhada pacificamente e civilmente. E é bom saber que o outro está se esforçando para uma boa meta, que depois, se conseguir atingi-la ou não é outro assunto: quem jejua faz na sua mente um esforço espiritual que envolve também o corpo e que não se limita somente a um esforço espiritual, mas deve levar a um comportamento correto".

(JE/RG)








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