Lumen gentium: amor e unidade para Igreja ser sinal


Cidade do Vaticano (RV) - No nosso Espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar na edição de hoje da Constituição Dogmática Lumen gentium.

A Igreja como Povo de Deus: esta é uma das importantes imagens utilizadas pela Lumen gentium a respeito da Igreja, como visto no programa passado. No programa de hoje, o Padre Gerson Schmidt nos traz a reflexão "Amor e unidade", dois sinais concretos na comunidade cristã, para que o mundo creia: "veja como se amam!":

Por diversas vezes fizemos ecoar essa pergunta, que brota do Documento conciliar Lumen Gentium, cujo cinquentenário estamos recordando: Como a IGREJA SERÁ SINAL PARA O MUNDO de ser sacramento de salvação, sinal visível da graça salvadora de Cristo? E vamos responder aqui de maneira mais clara. A Igreja será sinal para o mundo por meio do amor e a unidade, testemunhado e vivido numa comunidade concreta. Jesus mesmo disse: “Nisso conhecereis que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”(João capítulo 13,versículo 35). Está nesse texto do evangelho joanino uma verdadeira chave importante que responde esta pergunta aqui ecoada muitas vezes: COMO A IGREJA HOJE É SACRAMENTO DE SALVAÇÃO AO MUNDO??? O Amor e a unidade são os sinais de Cristo vivo e ressuscitado no meio de nós. Como crerá o mundo, sem ter visto Cristo vitorioso dentro os mortos? Vendo uma comunidade cristã que se ama, que vive o amor recíproco, que revela ao mundo que é possível amar o inimigo, na dimensão da cruz. Na paróquia, numa comunidade concreta, onde se vive o amor, deve se dar os sinais que chamem os homens que não creem à fé, para que vendo-os, as pessoas acreditem que Jesus Cristo é o enviado do Pai, que é o Salvador dos homens, que está vivo e ressuscitado em nossa vida, em nosso cotidiano, em nossas ações de amor recíproco, amando-nos uns aos outros como Ele nos amou. E como Ele nos amou? Com amor de cruz, amou-nos até o fim, até a morte e morte de cruz. Desta forma também devemos amar-nos uns aos outros, para que a Igreja seja ao mundo um SINAL DE CRISTO RESSUSCITADO DENTRE OS MORTOS.

Tertuliano, que viveu entre 160 a 220 depois de Cristo, portanto, no segundo e terceiro século do cristianismo, deixou registrado em seus escritos que os cristãos quando andavam pelas ruas eram reconhecidos pelos pagãos que diziam assim: “Vede como se amam”. Portanto, a comunidade primitiva, os cristãos de primeira hora, eram um sinal visível do Cristo ressuscitado. Será que era pela pregação, por falarem o nome de Cristo, por realizarem milagres em nome de Deus ou porque se reuniam nas casas e repartiam o pão da Eucaristia? Não necessariamente. Eram reconhecidos como seguidores de Cristo porque se amavam mutuamente. “Vede como se amam”, diziam os outros que os viam. Poderiam, os outros de fora de nossas comunidades cristãs de hoje também afirmar isso?? Estamos revelando ao mundo que Cristo está vivo e ressuscitado entre nós?

Portanto, para ser um sinal para o mundo, o novo mandamento de Cristo precisa da comunidade, para se concretizar, da mesma forma como a Eucaristia precisa do pão e do vinho. Um aparelho de Data Show precisa de uma parede para ser projetada imagem que emite. O mandamento do amor precisa de uma comunidade, de uma Igreja local e concreta para acontecer esse mando de Jesus: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. O amor, quando é íntimo e individual, pode ainda não ser um sinal. Mas quando se alarga, quando convive e se esparrama na comunidade, então pode se tornar um grande sinal. Não se trata aqui de ser uma comunidade tão somente jurídica, como podem ser nossas paróquias geográficas ou comunidades religiosas por convívio forçado. Mas enquanto essas mesmas ou outras forem autênticas e verdadeiras, quando se percebe que nos amamos verdadeiramente na dimensão da cruz e haja uma comunhão de espírito, conforme um comentário de Raniero Cantalamessa. Pe. José Antonio de Almeida, biblista e teólogo de Curitiba-PR, comentava ainda assim a respeito do texto evangélico aqui acima referendado: “Os discípulos de Jesus tampouco serão reconhecidos pelos sinais externos ou porque proclamam o nome de Jesus. É a caridade, o amor, o novo mandamento e também o novo sinal. Por meio da caridade dos seus membros, a Igreja manifestará a sua semelhança e sua união com Jesus (Jo 17,21)”2 O teólogo aqui está referendando também Jo 17,21 – onde diz “Como tu, Pai está em mim e eu em ti, que eles estejam em nós (que sejam um) para que o mundo creio que tu me enviaste”.

Portanto, a Igreja responderá ao apelo dos padres conciliares, sendo sacramento visível e universal da Salvação de Cristo por meio de dois sinais concretos na comunidade cristã: o amor e a unidade. Para que o mundo creia, que todos sejam um; nisso conhecereis que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.








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