Lumen Gentium: A Igreja como povo de Deus


Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar da Constituição Dogmática Lumen Gentium, enfocando no programa de hoje, a Igreja como povo de Deus.

No programa passado, nós vimos que o Espírito Santo é para a Igreja o que é o ar para cada um de nós que respiramos. Sem Ele, não teria acontecido o Concilio Vaticano II, esse novo norte e aggiornamento para a Igreja no mundo de hoje. No programa de hoje, o Padre Gerson Schmidt se detém no tema "a Igreja como povo de Deus", contido na Constituição Dogmática Lumen Gentium:

"Uma das importantes imagens, comparações utilizadas pela Lumen Gentium a respeito da Igreja é a Igreja entendida como Povo de Deus. Povo de Deus lembra imediatamente o Povo no deserto a caminho da terra prometida. Como o povo de Israel foi escolhido por Deus para ser uma luz para as outras nações, assim também a Igreja cumpre um chamado para ser luz para os povos.

Diz assim a Lumen Gentium, no número 09:

“Por isso é que este povo messiânico, ainda que não abranja de fato todos os homens, e não poucas vezes apareça como um pequeno rebanho, é, contudo, para todo o gênero humano o mais firme germe de unidade, de esperança e de salvação. Estabelecido por Cristo como comunhão de vida, de caridade e de verdade, é também por Ele assumido como instrumento de redenção universal e enviado a toda a parte como luz do mundo e sal da terra (cfr. Mt. 5, 13-16)”. Repare você, caro ouvinte, o uso no documento desses três belíssimas comparações evangélicas: luz, sal e fermento. Basta uma única luz para clarear um ambiente; basta um pouco de sal para temperar o alimento; basta um pouco de fermento para levedar a massa inteira. Jesus no evangelho alerta: Se o sal se tornar insosso, de que adianta, senão para ser lançado fora? E se a luz ficar escondida, que adiante sua capacidade de iluminar? E se o fermento for como o dos fariseus?

Diante desse texto da Lumen Gentium, nos perguntamos hoje:  somos luz, sal e fermento para a sociedade? Como a Igreja exerce sua missão de ser sal, luz e fermento? São perguntas pertinentes.

Continua a Lumen Gentium dizendo assim:

“Mas, assim como Israel segundo a carne, que peregrinava no deserto, é já chamado Igreja de Deus (cfr. 2 Esdr. 13,1; Num. 20,4; Deut. 23,1 ss.), assim o novo Israel, que ainda caminha no tempo presente e se dirige para a futura e perene cidade (cfr. Hebr. 13-14), se chama também Igreja de Cristo (cfr. Mt. 16,18), pois que Ele a adquiriu com o Seu próprio sangue (cfr. Act. 20,28), encheu-a com o Seu espírito e dotou-a dos meios convenientes para a unidade visível e social. Aos que se voltam com fé para Cristo, autor de salvação e princípio de unidade e de paz, Deus chamou-os e constituiu-os em Igreja, a fim de que ela seja para todos e cada um sacramento visível desta unidade salvadora(15), expressão esta também fundamentada em São Cipriano.

Sempre importante retomar a questão: a Igreja – que somos nós todos - está sendo “sacramento visível desta unidade salvadora” em nosso tempo? Não nos acomodemos! Continuemos sempre a procurar respostas, revisando nosso testemunho concreto no mundo. O Papa Paulo VI, na “Evangelii Nuntiandi”, já dizia: “O homem de hoje não escuta mais os mestres, escuta as testemunhas, e se escuta os mestres é porque são testemunhas”. De fato, a Igreja, no tempo pós-moderno, precisa de um testemunho convincente para ser credível. Se a Igreja deseja ser ouvida numa cultura pós-cristã precisa ter um testemunho forte, crível e consistente, acompanhando seu discurso e querigma. Não um discurso vazio, cheio de palavras que não têm credibilidade e que não se traduzem em práticas concretas. E é concretamente na comunidade dos irmãos, no amor reciproco, que vamos ser luz para o mundo, quando vendo nossa atitude de amor – amor na dimensão da cruz – os outros poderão afirmar como afirmavam aos primeiros cristãos, quando os viam: “ Vede como se amam”. É desta forma concreto, o amor na comunidade, é que seremos luz, sal e fermento, sacramento visível da unidade salvadora de Cristo. Depois de 50 anos de Concilio, convêm uma avaliação e revisão de nossa atuação como Igreja, que somos todos".

 

 

 








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