Costa do Marfim: bispos pedem libertação de prisioneiros políticos


Yamoussoukro (RV) - “A reconciliação exige a libertação dos detidos no âmbito do conflito que teve lugar no país; sobretudo, a partir deste ponto de vista, ninguém pode se dizer inocente. Para reconciliar-se é necessário ser livre; para ser livre é preciso ter liberdade de movimento”: foi o que afirmou Dom Ignace Bessi Dogbo, Bispo de Katiola, em nome dos bispos da Costa do Marfim que lançaram um apelo, reunidos nesta segunda-feira, 23, com centenas de fiéis na Basílica de Nossa Senhora da Paz, em Yamoussoukro.

A peregrinação nacional por ocasião do Jubileu da Misericórdia

Os bispos – na capital desde o último dia 17 de maio para a sua 104ª plenária – participaram de um momento de oração na Catedral, organizado na conclusão da peregrinação por ocasião do Jubileu da Misericórdia. Provenientes das 15 dioceses do país, cerca de 150 mil peregrinos de diferentes grupos étnicos e culturas diferentes chegaram sábado à noite para participar de uma vigília que foi marcada por cantos, orações e reflexões em um clima de comunhão e partilha.

A crise pós-eleitoral de 2010-2011 e os prisioneiros políticos ainda na prisão

Neste contexto, foi invocada a libertação dos presos políticos, detidos após a crise pós-eleitoral de 2010-2011 que desencadeou violências com mais de 3 mil mortes em cinco meses. Costa do Marfim tinha vivido uma década de instabilidade com a divisão entre o norte - nas mãos dos rebeldes - e o sul - controlado por partidários de Laurent Gbagbo (na presidência da Costa do Marfim de 2000 a 2011). A recusa do Presidente Gbagbo de reconhecer a vitória de seu rival Alassane Ouattara nas eleições de novembro de 2010 resultou em distúrbios e confrontos. A Frente Popular Marfinense (FPI), criada por Gbagbo, fala de 300 pessoas detidas, enquanto o governo afirma que são entre 140 e 150.

No último mês Siméon Ahouana, Presidente da Comissão Nacional para a reconciliação e Indenização das vítimas (Conariv), afirmou que há um profundo descontentamento e que é necessário encorajar as iniciativas em favor da reconciliação. O apelo dos bispos foi muito bem recebido pela Fidhop (Fundação Marfinense para a protecção e controle dos Direitos Humanos e da vida Política), que faz votos de um esforço conjunto entre cristãos de diferentes denominações e muçulmanos em favor da reconciliação nacional.

A 104ª Assembleia Plenária dos Bispos

Dom Touably Alexis, Bispo de Agboville e Presidente da Conferência Episcopal da Costa do Marfim exortou os fiéis à conversão e ao sacramento da reconciliação, convidando-os a serem vigilantes e a favorecem o bem. Sobre a realidade sócio-política do país falaram os bispos durante a sua sessão plenária, realizada no centro diocesano de Yamoussoukro. Na ordem do dia também ao ordinário funcionamento da Igreja marfinense. A próxima plenária dos bispos está prevista para janeiro de 2017 em Katiola. (SP)








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