Lumen Gentium: A tarefa da Igreja - dom do Espírito Santo


Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar da Constituição Dogmática Lumen Gentium salientando, no programa de hoje, a tarefa da Igreja, dom do Espírito Santo.

No programa passado, tratamos da universalidade da salvação de Cristo. E se somente Cristo pode salvar o homem, a pergunta que havíamos feito foi esta: onde se opera atualmente os méritos da cruz de Cristo, senão na sua Igreja? Neste sentido, mesmo alguém não estando na Igreja, não pertencendo a ela, não sendo batizado, não participando ativamente como Igreja, se salva por meio da Igreja, que atualiza, renova e concretiza a salvação trazida por Cristo na cruz. Continuando sua reflexão sobre a Constituição Dogmática Lumen Gentium, Padre Gerson Schmidt nos traz hoje, "a tarefa da Igreja - dom do Espírito Santo":

"Estamos procurando fazer uma análise do documento conciliar Lumen Gentium, passados 50 anos de sua promulgação, como um dos principais documentos do Concílio que aborda a missão e presença da Igreja no mundo moderno e pós-moderno. A ideia da elaboração desse documento surgiu no próprio concílio, na Primeira sessão em 1962. Os padres conciliares sentiram por bem que era necessário refletir sobre nós mesmos, nossa missão, nossa atuação como Igreja, diante dos novos desafios que se apresentavam. Criou-se uma comissão para elaborar um texto preparatório de estudo. O esquema inicial era assim intitulado: “A presença da Igreja no mundo hodierno”.  Foi amplamente discutido, modificado, re-emendado. Sem dúvida o mais discutido, o mais difícil de ser aprovado. Somente no final do concílio, em 1965, é que foi definitivamente aprovado. Foi promulgado solenemente pelo Papa Paulo VI. No Natal do mesmo ano, Paulo VI, falando da Lumen Gentium, dizia assim: “O encontro da Igreja com o mundo atual foi descrito em páginas admiráveis na última constituição do Concílio. Toda a pessoa inteligente, toda alma honrada deve conhecer essas páginas. Elas levam, de novo, a Igreja ao meio da vida contemporânea, mas não para dominar a sociedade, mas para iluminá-la, sustentá-la e consolá-la. Essas páginas, assim o pensamos, assinalam o ponto de encontro entre Cristo e o homem moderno e constituem a mensagem de Natal deste ano de graça ao mundo contemporâneo”. Chamo a atenção para a frase de Paulo VI: “Toda a pessoa inteligente, toda alma honrada deve conhecer essas páginas”. Você é inteligente e honrado e conhece essas páginas da Lumen Gentium?

Essas palavras de Paulo VI nos motivam, cada vez mais, a conhecer esse importantíssimo documento conciliar. Por isso aqui essa nossa abordagem. O Espírito Santo, sem sombra de dúvida, iluminou os Padres do Concílio. Padres conciliares entenda-se aqui os bispos, teólogos, padres e assessores especiais que compunham a assembleia do Concílio Vaticano II. Houve, numa das sessões do Concilio, um padre do Oriente que se levantou e disse que no Ocidente o Espírito Santo é o grande desconhecido.

Atenágoras (1948-1972), Patriarca ortodoxo de Constantinopla, diz assim:  “Sem o Espírito Santo: Deus está longe, O Cristo permanece no passado, O Evangelho é letra morta, A Igreja é uma simples organização, A autoridade é uma dominação, A missão é propaganda, O culto é uma velharia e O agir cristão uma obra de escravos. Mas, no Espírito Santo: O cosmos é enobrecido pela geração do Reino, O homem está em combate contra a carne, O Cristo ressuscitado torna-se presente, O Evangelho se faz poder e vida, A Igreja realiza a comunhão trinitária, A autoridade se transforma em serviço que liberta, A missão é um Pentecostes, A liturgia é memorial e antecipação, O agir humano é deificado”.

Pe. Congar, um dos padres do Concílio Vaticano II, diz assim:

“O Espírito Santo é um agente transcendente de tudo o que na História se refere a Deus. Devemos refletir sobre o fato de que Deus não realiza o seu projeto por meio de uma única missão, a do Verbo que se encarnou, mas que esta se acrescenta uma segunda missão, a do Espírito Santo: a encarnação redentora é seguida pelo Pentecostes”.

Alguns teólogos falam da Era do Espirito Santo, atribuindo as ações da Igreja, a partir de Pentecostes, como o templo precioso do agir do Espirito Santo. Na criação e no governo do mundo, atuou o Pai; na Redenção, o Filho e agora, no templo da atuação da Igreja, o tempo precioso do Espirito Santo. O Espírito Santo é para a Igreja o que é o ar para cada um de nós que respiramos. Sem Ele, não teria acontecido o concilio Vaticano II, esse novo norte e atualização para a Igreja no mundo hodierno".








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