Restauração "ecumênica" na Basílica da Natividade restitui beleza a mosaicos milenares


Jerusalém (RV) – Prossegue em Belém a restauração da Basílica da Natividade. Desde 2013, de fato, estão em andamento os trabalhos de recuperação dos mosaicos, escurecidos pela fumaça das velas e dos incensos. Realizados por uma empresa italiana, com o apoio da Autoridade Nacional Palestina, os trabalhos foram possíveis graças ao acordo entre as três Confissões cristãs que custodiam a Basílica: católicos, greco-ortodoxos e armênios. O Frei Eugenio Alliata, Diretor do Terra Sancta Museum de Jerusalém e observador da restauração, falou aos microfones da Rádio Vaticano a este respeito:

“A Basílica de Belém foi colocada pela UNESCO, e penso que foi algo justo, entre as obras que fazem parte do Patrimônio da Humanidade. Isto diz imediatamente que não é algo exclusivamente religioso, mas também que a contribuição da religião é essencial para a cultura mundial, universal. O homem não pode ser separado do fator religioso, como se este não existisse, porque é uma parte essencial dele. Por isto tem um valor mundial, precisamente porque é religioso!”.

RV: Como estão os trabalhos de restauração?

“Na qualidade de observador, pude admirar os diversos estágios de restauração dos célebres mosaicos da Basílica de Belém. Pude notar como começamos pela parte mais elevada, com a série de anjos que se voltam para a Gruta para adorar o Menino. Depois desceram até à faixa onde estão representados os grandes Concílios Ecumênicos com as suas decisões, cada Sínodo, o que foi decidido e onde foi realizado. E por fim, recém chegaram à arquitrave, onde existe uma linha com medalhões com os antepassados de Cristo, a partir de José, esposo de Maria, e assim por diante, segundo a genealogia descrita por Mateus. Sabemos que sobre o outro lado existe a genealogia descrita por Lucas. Muitos dos mosaicos foram perdidos, o que permanece é somente uma pequena parte. Deveriam existir ao menos 2.000 metros quadrados de mosaicos e no entanto, permanecem não mais de 200”.

RV: O que apareceu de novo da restauração? Naturalmente, estamos falando de uma estrutura secular...

“A técnica de execução do mosaico aparece suprema, realmente de altíssima qualidade, se comparada a tantas outras da mesma época. As descobertas estão ligadas muitas vezes à questões técnicas e mais raramente à detalhes históricos. Algum acréscimo de letras ou inscrições nas diversas línguas: em latim, língua que corresponde ao poder dominante em Jerusalém naquela época – o reino Cruzado; em grego, que corresponde ao maior Império Romano ainda existente: o Império Romano do Oriente; e em siríaco, provavelmente a língua dos executores materiais do mosaico”.

RV: Fala-se neste caso específico, de uma “restauração ecumênica”, pois foi necessário que as diversas Igrejas cristãs chegassem a um acordo, um pouco na linha do que acontece na Basílica do Santo Sepulcro, que começou recentemente a ser restaurada...

“Infelizmente a situação legal, no aspecto do status quo da Basílica de Belém, é mais complicado do que o da Basílica do Santo Sepulcro, onde mais ou menos tudo está definido. Todos os acordos foram feitos essencialmente um pouco na surdina; de fato, não se podia chegar a um acordo quando um conhece a posição do outro. E infelizmente, no que tange à situação da Basílica de Belém, isto não é possível: cada comunidade poderia ter dito: “Não, eu não faço nada!”. No entanto, o acordo foi dado sob a forma de concessão, para que pudesse se realizar. De fato, porém, a iniciativa foi tomada pelo governo palestino, certamente com a ajuda de tantas outras pessoas e instituições do mundo inteiro”.

RV: Esta restauração pode ser um convite à peregrinação à Terra Santa, que neste período parece ser um pouco difícil?

“Certamente! Os peregrinos que irão à Terra Santa poderão não somente desfrutar de uma beleza a mais em relação ao passado, mas de um uma beleza que fala ao coração, à mente, ao espírito dos visitantes. E portanto, é algo de muito importante para quem visitá-la a partir de agora”. (JE/MR)








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