Semana de Oração pela Unidade, oportunidade aos migrantes


Cidade do Vaticano (RV) - Desde o dia 8 do corrente, até o próximo dia 15 de maio, está se realizando no Brasil a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que neste ano tem como tema as migrações: “Chamados e chamadas a proclamar os altos feitos do Senhor”. O objetivo, é conscientizar, especialmente os cristãos, para a acolhida do migrantes.

A Rádio Vaticano conversou com Dom Francisco Biasin, Bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda e Presidente da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CNBB, que nos explica o porque da escolha do tema:

"Aqui no Brasil nós procuramos focalizar o problema das migrações. Apesar de ser um assunto que ainda não se tornou uma tragédia para o Brasil, porque até agora os migrantes, os que vieram de fora, não são um número enorme. Contudo começa a se tornar uma presença, que se não for adequadamente trabalhada e sobretudo absorvida na realidade social nacional, poderá num futuro próximo criar problemas. Então o CONIC, na apresentação que ele fez do subsídio da Semana de Oração pela Unidades dos Cristãos, colocou como foco desta campanha as migrações. Nós temos migrações que vem sobretudo da Síria e do Líbano, além de alguns países aqui da América Latina, como o Haiti, de maneira especial. Neste sentido que nós queremos preparar os nossos cristãos, a acolher os nossos irmãos que vem de fora com atitude profundamente evangélica".

Diferentemente dos sírios migrados ao Brasil com a guerra, os haitianos encontraram muitas dificuldades por não existir uma comunidade haitiana consolidada no território nacional, tendo sido por isto acolhidos por dioceses e arquidioceses:

"Os haitianos foram os que mais nos surpreenderam, porque aqui no Brasil não tem uma colônia haitiana. E vieram depois do grande terremoto, do devastador terremoto de alguns anos atrás. Enquanto os irmãos da Síria encontraram uma colônia aqui, que há quase um século está presente no Brasil, está bem inserida na cultura brasileira, sobretudo do sul do Brasil. E normalmente são pessoas de famílias de uma condição social bem estabilizada. Os haitianos realmente foram aqueles que criaram um impacto, pois quem teve que assumir a presença deles, foram as nossas Dioceses e Arquidioceses. Lembro que em São Paulo e no Norte do Brasil, teve o organismo da CNBB que se encarrega dos migrantes, que fez um esforço muito grande de sensibilização através das Dioceses que acolheram estes irmãos".

O Papa Francisco visitou a Ilha grega de Lesbos no dia 16 de abril para levar sua solidariedade e encorajar os migrantes vindos especialmente da Síria e Iraque, que buscam uma nova esperança em solo europeu. O gesto também teve uma dimensão ecumênica pela presença do Patriarca Ecumênico, Bartolomeu I, e do Arcebispo Greco-ortodoxo de Atenas Ieronimus. Dom Biasian nos fala dos desafios ainda existentes no Brasil para o estabelecimento de uma eficiente rede ecumênica de ajuda aos migrantes:

"Tenho a impressão que não houve ainda um atendimento organizado de todas as Igrejas através do CONIC. Sei que na CNBB tem o Departamento das Migrações que está fazendo este trabalho. Sei também que outras Igrejas estão fazendo isto. Eu creio que nós precisamos nos articular melhor. Não temos ainda, repito, no Brasil, uma organização ecumênica a respeito dos migrantes. Mas a ação de todas as Igrejas que fazem parte do CONIC ainda não articuladas e não organizadas a nível nacional. Quem sabe a Semana de Oração pela Unidade dos Cristão com esta temática dada pelos representantes das cinco Igrejas, não seja uma oportunidade para que possamos atender aos migrantes, sobretudo aqueles que vem dos países aqui da América Latina e que não tem um suporte dos seus conacionais, como colônia no Brasil, para um suporte mais bem articulado por parte de todas as Igrejas, e quem sabe coordenados pelo próprio CONIC. Atualmente não há uma coordenação entre as Igrejas a respeito deste assunto, deste problema". (JE)








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