A Comissão Nacional para a Cura, Reconciliação e Paz (Cnhpr) no Sudão do Sul saúda com satisfação a formação do novo Governo de Unidade Nacional (Tgonu), liderado pelo Presidente Salva Kiir e o líder rebelde Riek Machar, que deveria pôr fim a dois anos e meio de guerra civil. A nova coalizão foi formada no fim de abril com a tarefa de conduzir o País a eleições dentro de 30 meses.
Primeiro sinal importante para a implementação dos acordos de paz de 2015
Num comunicado divulgado nos últimos dias, a Comissão, presidida pelo Primaz anglicano
Daniel Deng, exprime as suas felicitações aos dois líderes rivais e aos outros membros
do novo Executivo, cuja formação, depois de numerosos atrasos, acusações recíprocas
e oportunidades perdidas, parece ser um primeiro sinal concreto da sua vontade de
empenhar-se seriamente na implementação dos acordos de paz, assinados em agosto de
2015.
A paz uma responsabilidade colectiva de todos os sul-sudaneses
"O Tgonu - afirma o arcebispo - será o primeiro teste para os nossos políticos e para
todos os sul-sudaneses, e que vai demonstrar se podemos conviver juntos e colaborar
para o bem comum do nosso País" e "uma oportunidade para renovar a nossa imagem aos
olhos de Deus e da comunidade internacional". No comunicado o Rev.do Deng exorta o
novo Executivo a ocupar-se antes de tudo da repatriação e o retorno seguro dos deslocados
às suas casas. Em seguida, lança um apelo a todos os cidadãos do Sudão do Sul para
apoiarem o novo Governo "para que ele possa trazer mudança depois de anos de sofrimento”
e “desistir de todos os discursos que incitam à violência”: “Temos uma responsabilidade
colectiva de defender esta paz para que este País possa viver em harmonia”.
Urgente o estabelecimento de uma Comissão Nacional de Verdade e Reconciliação
Cabe, acima de tudo, aos líderes políticos dar o exemplo: o País continua, de facto,
ainda dividido. Daí o convite à coalizão de governo a colocar entre as suas prioridades
o processo de cura, paz e reconciliação nacional, contando com a ajuda das Igrejas
e de outras Organizações envolvidas no processo de pacificação. O primeiro passo a
fazer nesse sentido – sublinha o Ver.do Deng - é acelerar a entrada em funcionamento
de uma Comissão Nacional da Verdade, Cura e Reconciliação (Ctrh) à qual a Cnhpr está
pronto a passar o testemunho. Finalmente, o apelo a todos os sudaneses a abrir-se
ao "diálogo para resolver as suas diferenças, tanto a nível local como político e
a renunciar à violência, que só traz destruição e incute o ódio nos corações”.
Um novo capítulo na breve história do mais jovem Estado africano
A formação do Governo de unidade nacional no Sudão do Sul marca a abertura de um novo
capítulo na breve história do mais jovem Estado africano, martirizado por uma guerra
que começou em dezembro de 2013 e causou milhares de mortos, dois milhões de deslocados
e acusações de crimes contra a humanidade contra as duas formações principais em luta
– os militantes do grupo étnico Dinka, leais ao Presidente Salva Kiir, e o exército
regular da etnia Nuer, liderado por Riek Machar - : do recrutamento de crianças-soldado
à violação sistemática como instrumento de guerra e os massacres de civis indefesos.
(BS)
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