Sínodo ortodoxo: cristãos devem ser defendidos


Moscou (RV) – Um encontro histórico que, por meio da Declaração comum, sublinhou a urgência de defender os cristãos nas regiões onde são perseguidos e que contribuiu para uma trégua parcial nas hostilidades na Síria, salvando milhares de vidas.  A visita do Patriarca Kirill à América Latina e o histórico encontro ocorrido em Havana com o Papa Francisco, estiveram entre os temas tratados no Sínodo da Igreja ortodoxa, realizado em 16 de abril passado, em São Petersburgo.

A Declaração comum firmada por Kirill e Francisco – lê-se em uma nota publicada no site do Departamento para as Relações Externas do Patriarcado – contém um apelo à comunidade internacional para adotar medidas urgentes para colocar fim ao genocídio dos cristãos no oriente próximo e para trabalhar pela paz e a solidariedade na Ucrânia”. O documento – que foi aprovado pelo Sínodo – coloca em evidência, além disto, “a necessidade de uma cooperação para a defesa dos fundamentos cristãos da civilização europeia”, como os valores da família tradicional, o direito à vida e o respeito pela dignidade humana”.

Situação dos cristãos em alguns países

O Patriarcado de Moscou destaca alguns pontos da Declaração comum, em particular, o pedido à comunidade internacional para “agir urgentemente para prevenir a ulterior expulsão dos cristãos do Oriente Médio” e a fazer “todo esforço possível para colocar fim ao terrorismo com a ajuda de ações comuns, conjuntas e coordenadas”. Após ter manifestado satisfação pela acolhida que teve o apelo, e na esperança de “uma ulterior consolidação das forças que lutam contra o terrorismo internacional”, os metropolitas russos compartilham a inquietude contida no documento de Havana “pela situação em tantos países em que os cristãos se deparam sempre mais frequentemente com uma restrição à liberdade religiosa, ao direito de testemunhar as próprias convicções e à possibilidade de viver conforme as mesmas”, assim como “pela atual limitação dos direitos dos cristãos, e até mesmo de sua discriminação, quando algumas forças políticas, guiadas pela ideologia de um secularismo tantas vezes agressivo, buscam jogá-lo à margem da vida pública”.

Visita pastoral à América Latina

Na reunião em São Petersburgo, o Patriarca Kirill falou sobre os resultados de sua visita pastoral à América Latina, realizada de 11 a 22 de fevereiro, em concomitância com o 45º aniversário da abertura da Paróquia da Igreja russa em Havana e com o 70º aniversário da Diocese da Argentina e América Latina do Patriarcado de Moscou. Durante seu viagem, Kirill visitou Cuba, Paraguai, Brasil e a Estação Bellingshausen na Ilha de Waterloo, na Antártida.

Concílio Pan-ortodoxo

Em vista do Concílio Pan-ortodoxo, que terá lugar na Ilha grega de Creta, de 18 a 27 de junho, o Departamento para as Relações Externas, guiado pelo Metropolita de Volokolamsk, Hilarion, publicou na última terça-feira, 19, uma longa declaração onde esclarece alguns pontos relativos à posição da Igreja Ortodoxa Russa sobre o grande evento e sobre documentos na ordem do dia. O Concílio – lê-se na primeira linha – “não tratará de questões dogmáticas, que foram debatidas e definitivamente aprovadas pelos Concílios Ecumênicos”, nem pode ser classificado como “Concílio Ecumênico”, “porque, contrariamente aos antigos Concílios Ecumênicos, não tem por objetivo resolver questões doutrinais ou introduzir qualquer novidade na vida litúrgica da Igreja, na sua estrutura canônica”.

Os únicos temas a serem tratados em Creta serão “aqueles que, por razões históricas, não receberam respostas universalmente aceitas no âmbito do direito canônico”, como por exemplo a cooperação para a pastoral dos ortodoxos que vivem fora das fronteiras canônicas das Igrejas locais. O Concílio, além disto, é chamado a dar uma opinião sobre algumas matérias de atualidade, como a importância do jejum e a sua observância hoje; a autonomia e o modo de proclamá-la; o Sacramento do Matrimônio e os seus impedimentos; a diáspora ortodoxa; a missão da Igreja Ortodoxa no mundo contemporâneo; as relações da Igreja Ortodoxa com o conjunto do mundo cristão. Sobre este último ponto, o Patriarcado de Moscou não tem pressa em dissipar dúvidas e temores surgidos nas últimas semanas no mundo  ortodoxo, precisando, entre outras coisas, que não existe nenhum projeto de união com os católicos ou a intenção de declarar o ecumenismo como “uma espécie de ensinamento obrigatório para todos os ortodoxos”.

Auspiciando esclarecimentos, com os outros cristãos, sobretudo sobre questões eclesiológicas, o Patriarcado encoraja todavia a um “diálogo reciprocamente respeitoso”. (JE/OR)








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