2016-04-15 13:55:00

Tributo ao Dom Jaime Pedro Gonçalves


Na manhã do dia 6 deste mês de Abril, faleceu de doença prolungada, na cidade moçambicana de Beira, Dom Jaime Pedro Gonçalves, o grande artífice do processo de paz e de reconciliação moçambicano, num momento em que o país está a atravessar grandes dificuldades próprio em termos de paz e de reconciliação. Na entrevista que à este propósito concedeu à Rádio Vaticano, o Jurista angolano e Diretor do Centros de Estudos Populorum Progressio de Angola, o Dr. Domingos das Neves, enaltece as qualidades desse grande pacificador, antepassado da paz e da reconciliação dos povos africanos

Ora, como afirma Amadou Hampaté Ba, “em África, cada velho que morre é uma biblioteca que arde”.  Surge então para nós, a questão fundamental: como evitar que a morte natural de um nosso ancião, de um personagem que consideramos ser um ícone da história e historicidade dos nossos povos, das nossas nações, possa transformar-se numa “biblioteca que arde”? Como tornar perene o seu estatuto de “biblioteca vivente” no nosso seio? Como transformar a sua morte natural, o fim do seu peregrinar sobre esta terra dos nossos antepassados, numa celebração do triunfo da vida sobre a morte?

 

         Se, como também afirma Birago Diop, “os nossos mortos nunca nos deixaram”, então a morte não é uma partida defintiva, mas sim uma transformação radical na maneira de estar presente no mundo dos vivos, na vida dos nossos entes queridos. Os mortos cessam simplesmente de estar e  agir connosco na vida quotidiana imanente, limitada, para passarem a estar  e a agir em cada um de nós, construindo assim a sua habitação temporal definitiva através de nós os vivos. Desta forma, nós os vivos somos a única razão pela qual os mortos continuam ainda vivos  e agir nesta terra e no meio de nós, os vivos.

 

         Deste ponto de vista, achamos que a melhor maneira que temos hoje para celebrar a morte do nosso amado antepassado Dom Jaime Pedro Gonçalves, na prespetiva também da celebração do ano extraordinário da misericórdia, – é, essencilamente tentar procurar compreender  o que é que recebemos dele como herança enquanto estava ainda vivo no meio de nós e por conseguinte, o que é que devemos também deixar como herança, vital, a nossa volta, aos nossos entes queridos, aos nossos países, de modo particular à Moçambique, ao continmente africano africano em geral e à humanidade como garantia do nosso testemunho de filhos e benficiários dos milagres existenciais da paz e de reconciliação produzidos por aquele “elefante milagroso” que foi o Dom Jaime Pedro Gonçalves. Mas sobretudo, como tornar efetiva hoje, tudo aquilo que o nosso Dom Jaime considerava ser “outros sonhos para os moçambicanos e para os africanos em geral, que permanecem ainda na gaveta” e entre esses, na perspetiva do ano santo da Misericórdia, o de transformar Moçambique e a África em geral, num “ habitat defintivo da cultura de paz, justiça e de reconciliação entre povos e nações” e a cada um de nós em embaixadores da misericórida do Jesus Cristo Libertador tal como fora o nosso antepassado Dom Jaime Pedro Gonçalves.

 

De facto, de Dom Jaime podemos proclamer bem alto bem alto e com júbilo e esperança, as palavras do Jesus Cristo Libertador no Sermão da montanha: <<(...) Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem – aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamadosfilhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição, por causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus; Bem-aventurados sereis quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa; Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa nos Céus, porque também assim perseguiram os profetas que vos prec ederam>>.

        

Recordar Dom Jaime Gonçalves significa portanto, para os PALOP em particular e para o continente african em geral, organizzar um “ao redor do fogo” que seja ocasião para juntos repercorrermos, como filhos e filhas, os percursos da sua existência de autêntico missionário e embaixador da paz, da justiça e da reconciliação e traçar, ao mesmo tempo, de maneira urgente, as perspetivas para recolher em hereança, os desafios que o seu ser elefante milagroso da misericórdia de Deus no nosso seio, lançam à cada um de nós, seus filhos e filhas, que fomos graciados pelo seu zêlo apostólico e realizar efetivamente o seu sonho de construção de um “Moçambique e de uma África que seja berço da cultura de paz e de reconciliação, uma África pulmão espiritual da humanidade futura” 








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