Recordados 25 anos de reconstituição da Igreja Católica na Federação Russa


Moscou (RV) – Foram recordados neste 13 de abril, os 25 anos de reconstituição das estruturas católicas da Federação Russa, por desejo de São João Paulo II. Era, de fato 13, de abril de 1991, quando após 70 anos de clandestinidade, a Igreja Católica na Rússia ganhou nova vida. Por outro lado, na esteira do histórico encontro realizado em Havana em fevereiro passado entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirill, uma delegação bilateral da Arquidiocese da Mãe de Deus, em Moscou, e da Igreja Ortodoxa russa, realizou nos dias 6 e 7 de abril uma visita ao Líbano e à Síria, com o objetivo de promover iniciativas, coordenar as ajudas e apoiar os cristãos em dificuldades. A este respeito falou à Rádio Vaticano o Arcebispo Católico de Moscou Dom Paolo Pezzi:

“Tivemos a possibilidade de visitar algumas igrejas e também de ver as iniciativas, sobretudo no Líbano. Pudemos visitar um campo de refugiados sírios; encontramos algumas famílias; visitamos um refeitório para os pobres... Em segundo lugar, houve um encontro alargado a todas as realidades cristãs presentes em Damasco, testemunhos em como viveram e vivem a sua fé, o drama de ter que deixar as próprias casas, as expectativas e os desejos de retorno”.

RV: Houve uma verdadeira diáspora, uma fuga dos cristãos, devido à violência....

“Certo! Mesmo porque em algumas cidades se fala de destruições em até 60, 70, 80 e mesmo 90% das casas”.

RV: Como vivem os cristãos que ainda permanecem naquelas terras?

“Com grande abertura e acolhida; um vivo desejo de permanecer.... Certo, encontramos também pessoas muito provadas, mas sem ter perdido a esperança; e uma segunda coisa que a mim, pessoalmente, tocou muito, foi a ausência completa de qualquer forma de rancor por aqueles que fizeram mal aos cristãos”.

RV: Isto que aconteceu com esta delegação bilateral da Arquidiocese católica da Mãe de Deus, em Moscou, e da Igreja Ortodoxa Russa, é um exemplo, um gesto concreto do conceito de unidade que se constrói “caminhando”, como o Papa disse ao final do colóquio com o Patriarca de Moscou, em Havana?

“Precisamente isto, exatamente como você falou, isto é pensar na unidade não como algo estático ou doutrinal, à mesa, mas algo “em caminho” e como testemunho de uma ação – pela graça de Deus! – em relação àqueles que mais sofrem”.

RV: Em 13 de abril recorrem 25 anos da reconstituição das estruturas eclesiásticas católicas da Federação russa, desejada – após 70 anos de clandestinidade – em 1991 por João Paulo II....

“Estamos realmente cheios de gratidão ao Santo Papa João Paulo II, porque a instituição destas estruturas eclesiásticas foi realmente a possibilidade de iniciar também um trabalho pastoral com os católicos. Como bem sabemos e como – entre outras coisas – me testemunharam os cristãos na Síria, onde existe o Bispo, existe a Igreja, existe a possibilidade de se viver a ligação com Pedro, a possibilidade de reencontrar-se, a possibilidade de receber os Sacramentos e de testemunhar a própria fé. Gostaria também de expressar a minha gratidão a todos os sacerdotes no exterior, porque evidentemente a igreja católica não tinha, nos anos 90, na Rússia, um clero próprio, que deram a própria vida – literalmente! – para fazer crescer na fé as pessoas e as comunidades católicas na Rússia”.

RV: Como se transformaram as coisas desde então e que valor assume este aniversário?

“Nos diz para sermos sempre, e antes de tudo, agradecidos a Deus por aquilo que nos é dado; em segundo lugar, para não perder nunca a esperança, porque também nas situações mais difíceis existe sempre uma luz que nos permite seguir em frente. Recordo uma senhora idosa na Sibéria que, há anos atrás, no início de meu ministério sacerdotal na Sibéria – porque também eu participei deste renascimento, nos anos noventa – me disse: “Olha, Padre, quando fui deportada era uma criança de dez anos, nos anos trinta; e minha mãe me disse: “A igreja – onde então viviam, na Rússia europeia – que agora foi destruída, tu não mais a verás, e também eu não mais a verei. Mas te recordes que um dia tu verás novamente um sacerdote e verás novamente a possibilidade de que estas igrejas renasçam””. Ela me contava isto muito comovida, dizendo: “Veja, Padre, depois de 45 anos, eu sou testemunha que aquilo que me dizia minha mãe é uma coisa verdadeira, e eu nunca perdi a esperança nestes anos”. (JE)








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