Assembleia CNBB: Dom Odilo e o processo de Impeachment


Aparecida (RV) – Nesta quarta-feira, 8º dia dos trabalhos da 54ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, em Aparecida, SP, a Santa Missa na Basílica Nacional foi presidida pelo Cardeal Claudio Hummes, Arcebispo emérito de São Paulo e Presidente da Comissão para a Amazônia da CNBB. Concelebraram os Bispos dos Regionais do Nordeste e Oeste do Brasil.

Durante a sua homilia, o Cardeal Hummes disse que a Igreja cresce quando assume a sua identidade missionária. “Não é tanto por muita falação, não é tanto por muitos documentos, não é tanto por doutrinação que a Igreja vai crescer. A vida religiosa, a Igreja, cresce por atração”, afirmou o cardeal referindo-se à realidade da diminuição no número de vocações e da identidade missionária da Igreja. 

O Cardeal manifestou o desejo de que a celebração desse dia servisse de apelo para a Igreja de todo o Brasil diante da necessidade urgente dos povos da região amazônica.

“Queremos que essa celebração seja um grande apelo missionário, que essa celebração não seja somente uma comemoração, mas também um apelo renovado e missionário para as Igrejas do resto do Brasil, para os padres, para os religiosos”, enfatizou.

“A Igreja não deve pensar em si mesma, ela deve fazê-lo por causa d´Ele não por causa dela, mas por causa daqueles que precisam. Uma Igreja assim atrai". 

A esse respeito, Dom Cláudio disse entender que a necessidade de vocações acontece em todas as realidades, mas julgou que a Amazônia tem relevância diante do desafio que ela impõe aos missionários que atuam nessa região, tanto pelas longas distâncias quanto pelos desafios culturais, econômicos, políticos e ambientais.

"Existe falta de padre por todo lado", frisou o cardeal. "E quando a gente pensa na necessária presença física, a gente diz ‘por toda parte falta padre’. Mas aquela Igreja na Amazônia tem carências muito especiais porque tem características especiais”, destacou.

Por fim, o cardeal citou que a Igreja fará diferença na medida em que levar a misericórdia, encurtar as distâncias com aqueles que mais precisam de sua Palavra.

“É a misericórdia que faz a diferença, ela torna a fé real, viva! Paulo já dizia isso: uma fé que não se traduz em caridade é uma fé morta. É a caridade que atrai. Então também nós pensemos nisso, na medida em que vamos de fato, encurtamos as distâncias, nessa medida a Igreja faz a diferença e ela cresce por atração”, finalizou.

Hoje de manhã, realizou-se a última sessão dedicada ao tema central da assembleia deste ano. Os bispos tiveram oportunidade de fazer destaques sobre o documento final, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade. Sal da terra e luz do mundo”. A partir da publicação posterior desse documento, as comunidades, paróquias e dioceses do Brasil terão um novo referencial da reflexão da Igreja sobre a identidade e a atuação dos leigos.

Durante a entrevista coletiva do dia 07 de abril, aqui na assembleia, o presidente da Comissão do Tema Central, Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Londrina (PR), destacou o papel do leigo como sujeito na Igreja, não mais em atividades de apoio. Ressaltou que não se trata de uma suplência das carências do clero, é direito: “O leigo é sujeito desta realidade, não apenas pertence à Igreja, o leigo é a Igreja. ”

A Comissão para os Textos Litúrgicos da CNBB também tem uma última oportunidade na assembleia para apresentar seus destaques no plenário. Essa Comissão, no correr dos trabalhos, informou aos bispos sobre o que está sendo realizado no campo das traduções de textos para a liturgia da Igreja no Brasil.

Nos últimos 45 minutos da segunda sessão de trabalhos desta manhã, os bispos acompanharam uma exposição sobre a questão indígena no País. Egon Heck, do secretariado do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), organismo da CNBB, testemunha, em relação à questão indígena: “nos 44 anos de militância junto aos povos indígenas, da maioria das regiões do país, a convicção que em mim amadureceu é a de que de fato não existe espaço de sobrevivência e dignidade para os povos indígenas no atual modelo neoliberal. E isso em toda nossa Ameríndia e certamente no mundo inteiro. Os povos nativos estão empenhados em contribuir com sua sabedoria milenar e projetos concretos de sociedade, para salvar nossa casa comum, o planeta terra”.

Já na primeira sessão de trabalhos da parte da tarde, os bispos terão um informe trazido por um bispo africano sobre a situação de perseguição contra os cristãos na Nigéria e em outros países do continente africano. Naquele cenário destaca-se o movimento fundamentalista islâmico “Boko Haram” que atua no norte da Nigéria e, em tese, combate os vícios da sociedade e, erroneamente, considera que os cristãos são os responsáveis por alguns desses males.

Outro informe breve da primeira sessão da tarde será a celebração dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Como todos sabem, a imagem milagrosa de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada no rio Paraíba do Sul no ano de 1717 e, portanto, em 2017 a aparição da imagem completará 300 anos.

O Arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani Tempesta, atendeu aos jornalistas na entrevista coletiva de ontem, terça-feira, e antecipou o informe sobre os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos que será dado aos bispos hoje no começo da última sessão de trabalhos. Ele disse que será montada na Vila Olímpica uma capela inter-religiosa, com a nomeação de um padre que ficará responsável para coordenar os trabalhos. “Os atletas do mundo inteiro terão lugar de culto, de celebração conforme a religião de cada um. Nós estamos com essa responsabilidade. A Igreja Católica está muito à vontade em ter esse trabalho devido ao nosso relacionamento não só com os irmãos cristãos, mas também com outras religiões”, declarou. Além disso, nas igrejas próximas aos locais onde vão acontecer os jogos estão previstas celebrações em outros idiomas como forma de acolher atletas e turistas.

No final da última sessão, os bispos voltam a ter informações sobre o projeto “Comunhão e Partilha” da CNBB, que surgiu na assembleia geral de 2012 com a finalidade de criar e administrar um fundo financeiro para ajudar na formação dos futuros padres nas dioceses e prelazias. Dom Alfredo Shaffler, bispo de Parnaíba (PI), foi presidente da Comissão e continua membro da mesma. Ele diz que no ano que vem, 2017, quando o projeto completará cinco anos, os bispos vão fazer uma avaliação da iniciativa.

Já no encontro com os jornalistas, o Arcebispo de Salvador (BA) e Vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Murilo Sebastião Krieger, e o Bispo de Campos (RJ), Dom Roberto Ferrería Paz, apresentarão a Mensagem para as Eleições 2016.  O texto foi aprovado durante a Assembleia Geral.

Sobre o atual momento vivido pelos brasileiros e o processo de impeachement que envolve a Presidente Dilma, nós conversamos com o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Scherer...

De Aparecida, SP, para a Rádio Vaticano, Silvonei José.








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