Uma forte denúncia da corrupção e das alianças políticas com base em etnias foi lançada pela Conferência Episcopal do Quénia (KCCB) num longo comunicado divulgado ao fim da plenária em Nairobi em que os bispos exortam o governo a enfrentar e erradicar tais vícios "para salvar a nação". "Um rápido olhar pela situação actual do nosso país – lê-se no documento - revela algumas tendências e práticas perigosas que deveriam preocupar e surpreender todos aqueles que têm o Quénia no coração, pelo facto de que os ideais e princípios pelos quais os nossos antepassados combateram e deram a vida sendo espezinhados”.
Corrupção, cancro que devora o País
Os bispos descrevem, em seguida, a corrupção como "um cancro que está a matar o País",
e recordam as trágicas consequências que dela derivam: pobreza, falta de assistência
médica e de infra-estruturas escolares capazes de proporcionar uma educação de qualidade,
desemprego juvenil, difusão do suborno. Recordando, depois, a visita do Papa Francisco
no País, em novembro de 2015, os bispos reiteram o apelo do Papa para "declarar guerra
contra a corrupção, lutando até ao fim contra ela”.
Preocupantes as divisões étnicas
A Conferência Episcopal do Quénia também apontou o dedo contra a corrupção dos juízes,
declarando-se "espantada" perante o facto de que "as mesmas instituições que têm as
principais responsabilidades do País estão a apodrecer por causa da corrupção". Quanto
às tendências de radicalização étnica, os bispos as consideram "preocupantes", especialmente
quando se encontram dentro de alianças políticas que "não são baseadas na união de
indivíduos que partilham o mesmo ideal, mas na agregação de tribos, de modo que possam
votar como um bloco único”.
Grave o fenómeno do tribalismo
E não só: quando alguém é punido por uma acção errada, os conflitos étnicos se intensificam
ainda mais, como se as culpas do indivíduo derivassem da sua tribo de origem. Grave
também tribalismo que é praticado "sem vergonha" nos municípios, escrevem os prelados,
provocando favoritismos no âmbito do trabalho: "Para ser empregado no Município –
afirma, de facto, a Igreja do Quénia – se deve vir de uma das tribos ou clãs dominantes”.
O País não perca a esperança
Tendo em vista as eleições gerais agendadas no País para 2017, os bispos exortam a
Comissão Eleitoral Independente a "monitorar o processo de votação, porque, se ele
for atingido pela corrupção e incompetência, porá em perigo a democracia e o desenvolvimento
do País" . Finalmente, a KCCB dirige-se directamente aos quenianos exortando-os "a
não perder a esperança" e a lutar, individual e colectivamente, contra "qualquer forma
de corrupção que destrói o tecido social do País”. (BS)
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