Cardeal Turkson: visita do Papa a Lesbos interpela as consciências


Cidade do Vaticano (RV) - Aumenta a expectativa pela visita do Papa Francisco à ilha de Lesbos, na Grécia, no próximo sábado (16/04), sinal concreto de proximidade aos migrantes e refugiados, cuja situação está cada vez mais dramática. 

“A visita é também um gesto forte a fim de interpelar as consciências dos europeus e da comunidade internacional”, disse o Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Peter Turkson, em entrevista à nossa emissora. 

O purpurado ganense falou também sobre o encontro promovido pela Embaixada dos Estados Unidos junto à Santa Sé sobre a ecologia integral.

Cardeal Turkson: “A visita do Santo Padre à ilha de Lesbos recorda num certo sentido a visita que fez a Lampedusa, outra ilha que recebe pessoas obrigadas a fugir de suas terras. A visita será novamente uma tentativa de chamar a atenção do mundo para a situação dessas pessoas e ao mesmo tempo para as suas causas, a fim de interpelar a consciência global para que faça alguma coisa para evitar tudo isso. Existe uma situação de violência e neste caso da parte do Estado Islâmico, mas primeiramente com a guerra na Síria. É necessário que haja paz, uma paz que não deve ser somente o futuro da diplomacia, mas que se baseie na amizade, no amor e na fraternidade a estas pessoas.”

A visita do Papa Francisco à ilha de Lesbos será feita também para vencer aquela indiferença que muitas vezes o Papa denuncia. Certas guerras, às vezes, se recordam somente quando chegam à porta de nossa casa...

Cardeal Turkson: “Sim, a indiferença, mas talvez devemos nos perguntar sobre as causas dessa indiferença, ou seja, por que esta indiferença? A Grécia não pode certamente permanecer indiferente, porque é o país onde agora estas pessoas se encontram, mas as medidas implementadas pela Europa, dar uma grande soma de dinheiro para a Turquia a fim de que detenha a chegada destas pessoas, não servem somente para o interesse de quem? Talvez a Europa agora esteja um pouco mais tranquila, mas quanto tempo durará esta tranquilidade? Porque se estas pessoas não conseguem chegar por via mar, encontrarão outras maneiras. Para se chegar a uma solução a longo prazo, devemos fazer tudo aquilo que podemos para criar uma situação de paz nessa área. O Estado Islâmico parece potente, mas na realidade é sempre mantido por dinheiros, tem acesso ainda a dinheiro e armas etc. Estas coisas são sempre importadas, compradas. Por que não encerramos tudo isso? Por que não colocamos fim ao interesse de comprar petróleo a preço baixo? É necessário um pouco de compromisso que significa também sacrifício. Acredito que nesta visita a Lesbos todas as câmeras do mundo seguirão o Papa. O objetivo não deveria ser somente o de filmar as pessoas que sofrem, mas nos fazer pensar um pouco numa solução a longo prazo, válida para por fim a esta situação.” 

O purpurado ganense falou também sobre o encontro promovido pela Embaixada dos Estados Unidos junto à Santa Sé sobre o tema ‘Ecologia integral’. Portanto, não somente ecologia da Casa comum, mas também ecologia humana. Vemos que as duas coisas estão muito ligadas...

Cardeal Turkson: “A Casa comum não diz respeito somente ao ambiente natural, mas também ao ambiente, como o termo usado pelo Papa Bento XVI, ‘do ser humano’. Portanto, a ecologia integral nos convida a reconhecer que não se pode promover um aspecto da vida no Planeta trascurando o outro. O desejo é o de manter tudo junto. Neste sentido, se fala também de ecologia cultural e social, como fez o Papa Bento XVI. Convida-se o ser humano a entender e reconhecer que o sucesso da vida humana sobre a terra se alcança através de muitos elementos.” (MJ)








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