Card. Veglió: Papa vai a Lesbos dizer não às barreiras


Cidade do Vaticano (RV) – Um gesto concreto de solidariedade e de proximidade por tantos desesperados em fuga da guerra e da miséria. Este é o significado da visita que o Papa Francisco fará à Ilha grega de  Lesbos no próximo dia 16, segundo o Cardeal Antônio Maria Vegliò. O Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes concedeu a este respeito uma entrevista ao L’Osservatore Romano, que agora reproduzimos:

OR: Por que a escolha de Francisco de ir até Lesbos?

“A Ilha de Lesbos, como Lampedusa, tornou-se um dos rostos da crise humanitária em andamento. Milhares de homens, mulheres e crianças, muitas vezes sozinhos, em fuga das guerras e perseguições políticas e religiosas, são obrigados e realizar viagens irregulares e dramáticas na tentativa desesperada de colocar-se a salvo e, com o desejo de pedir asilo, desembarcam nestas costas, símbolo de esperança. A visita do Papa é um sinal concreto da sua proximidade aos migrantes e refugiados e coloca novamente em primeiro plano o problema migratório na Europa”.

OR: Quais são as condições dos refugiados na ilha?

“Em Lesbos, como frequentemente acontece nos lugares de desembarque, as condições para uma acolhida adequada são insuficientes e as chegadas são contínuas, sobretudo da Síria, Iraque, Afeganistão e Somália. Precisamente sobre o dever de oferecer acolhida e sobre o respeito e a tutela da dignidade de quem é obrigado a partir, Francisco quer atrair a atenção do mundo inteiro. A visita do Pontífice, acompanhado pelo Patriarca Bartolomeu e pelo Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia Hieronymus II, é um gesto ecumênico cristão concreto; um só coração, uma só alma para enfrentar o drama da migração forçada e para reiterar juntos, em nome de Cristo, a importância da responsabilidade fraterna, olhando nos olhos as pessoas em fuga, por quem a sorte é decidida, frequentemente, com acordos cínicos, ignorando as verdadeiras razões na base da tragédia deles”.

OR: A visita do Papa chega num momento crítico para a União Europeia...

“É um momento em que a Europa, com o recente acordo com a Turquia, continua a levantar barreiras, a fechar as fronteiras e a ferir os direitos fundamentais dos migrantes, refugiados e pessoas que pedem asilo. Estamos diante de um acordo míope que não consente uma gestão dos fluxos migratórios no respeito da pessoa. A política migratória dos Governos têm necessidade de visão e coesão por meio de ações miradas para por fim às causas das “viagens da esperança” de milhares de pessoas que muito frequentemente se transformam em “viagens da morte”. É necessário dar vida a canais humanitários seguros para permitir um controle de fluxos migratórios e para vigiar sobre o respeito dos direitos fundamentais da pessoa; isto o Papa o diz claramente com a sua viagem apostólica e com a vontade de encontrar pessoalmente quem desembarcou nas costas de Lesbos, cheio de dor e de confiança”. (JE)








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