2016-04-10 17:24:00

Migrantes no centro da Assembleia dos Bispos da CERNA


 

O tema dos migrantes e do seu acolhimento esteve no centro da Assembleia da Conferência dos Bispos do Norte da África (Cerna) que teve lugar em Tanger, no Marrocos, de 3 a 6 de Abril.

No comunicado final traça-se antes de mais um retrato da vida da Igreja nos países dessa região: na Tunísia, sublinha-se como a Igreja olhe “com confiança para o caminho do país na sequencia da revolução de 2011” não obstante “as dificuldades e provações” enfrentadas, como por exemplo o atentado de há um ano atrás no Museu do Bardo. E a Igreja no país continua o seu trabalho nos sectores da educação e da caridade assim como também de solidariedade juntos dos migrantes que chegam ao país.

No Marrocos, a igreja está mais virada para o “diálogo inter-religioso” e aposta em “iniciativas pastorais” orientadas para jovens e ainda nos “serviços para pessoas em dificuldade” sem deixar de lado os migrantes que vão chegando. 

Quanto à Argélia, o comunicado recorda as dificuldades do país perante a queda do preço do petróleo, e as expectativas da Igreja que, desde 2015, está sem bispo titular de Argel e também de Núncio Apostólico. Chama-se ainda a atenção para a celebração do centenário da morte do Charles de Faucauld, que ocorrerá a 1 de Dezembro próximo, assim como também os 20 anos do assassinato dos 7 monges de Thibirine, ocorrido em março de 1996.

As dificuldades da criação de um Governo de Unidade Nacional na Líbia são também postas em evidência. Precisamente devido às causas dessa crise, nenhum dos prelados da Líbia pôde tomar parte na Assembleia. Mandaram, todavia, uma nota informativa em que assinalam à Cerna a “partida de muitos trabalhadores expatriados e a situação precária em que vivem os migrantes”. Assinalam ainda que algumas comunidades religiosas prosseguem corajosamente o seu trabalho na esperança de que os as partes em causa consigam restabelecer a paz e a estabilidade e que o país em geral e a Igreja local possam retomar um novo rumo.

Sinais positivas chegam, pelo contrário da Mauritânia, onde a Diocese de Nouakchott está a celebrar os 50 anos da fundação da comunidade cristã naquela República muçulmana, comunidade que está a crescer.

Nesta assembleia da Cerna participou como convidado D. Demenico Mogavero, Bispo de Mazzara del Vallo, ilha italiana da Sicília, que informou sobre os trabalhos que estão a fazer na ilha a favor dos migrantes. Ele mostrou-se critico em relação ao acordo entre a EU e a Turquia que prevê a expulsão da Grécia para a Turquia de todos os migrantes irregulares chegados depois de 20 de Março, passando através das fronteiras  turcas. Criticas às quais se unem os bispos da Cerna que exprimem indignação perante as gravíssimas consequências desta política para os seus países e, sobretudo, para os migrantes.

Os bispos sublinham que em termos estatísticos a Igreja católica na África do Norte não tem números significativos de baptismos e matrimónios, mas que os serviços levados a cabo juntamente com os muçulmanos demonstram que “o Reino de Deus está à obra”. E perante as difíceis situações políticas que se vivem na região, recordam que o papel da Igreja não é tomar posições de principio, mas de estar em espírito de fraternidade ao lado de quem sofre e procura uma ajuda para viver dignamente.

Por isso convidam a uma abertura fraterna, não obstante os preconceitos e racismos e vêem na mobilidade humana, com todos os seus riscos e dificuldades, uma ocasião para essa abertura.

E terminam recordando que a Europa não e única meta e ponto de chegada dos migrantes. “Não há país africano que não acolhe, por sua vez, deslocados, refugiados e migrantes” em geral. E perante os temores de uma “islamização da Europa” a Cerna pergunta-se: “Viver como uma cidadela fortificada, assediada, é realmente o modo melhor de reagir”, ou é melhor “fortes na fé, “acolher de forma dinâmica o novo mundo que bate à porta porque  - frisam - “tudo passa, mas a caridade jamais passará?”. 

Exprimindo apreço pela presença de D. Benjamim Ndiaye na Assembleia, os bispos da Cerna cocluiram dizendo que a próxima assembleia será no Senegal em finais de 2017. 

(DA)








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