Homilias na Santa Marta: o coração do pontificado de Francisco completa 3 anos


Cidade do Vaticano (RV) – Em 22 de março de três anos atrás, Papa Francisco celebrava a sua primeira missa com homilia na Casa Santa Marta perante um grupo de operários e garis do Serviço de Jardinagem do Vaticano. Naquela manhã, segundo muitos observadores, começava a palpitar o coração pulsante do pontificado.

A Rádio Vaticano conversou sobre o dom de comunicar do Papa Francisco com a jornalista Elisabetta Piqué do argentino “La Nación”, que também escreveu a biografia de Jorge Mario Bergoglio.

Piqué – Segundo o meu ponto de vista, o sucesso está neste modo extraordinário de comunicar do Papa: todos conseguem entender aquilo que ele diz, e as homilias são seguidas no mundo todo! São seguidas no mundo todo, e não somente por fiéis, mas também pela diplomacia. Ele faz o Evangelho viver, isto é, volta ao essencial e o explica num modo compreensível, muito fácil de entender por todos, e o conecta ao mundo de hoje e assim chega ao coração das pessoas. Nesse sentido, faz bem lembrar que essas homilias se transformaram em livros públicos no mundo todo. Essas homilias são o coração deste pontificado: esse “voltar ao essencial”.

RV – Muitos dos conteúdos do pontificado de Francisco, também algumas ideias, nascem exatamente nas homilias na Santa Marta...

Piqué – Sim, sim. Tudo isso confirma porque todos nós, jornalistas, mas não somente os jornalistas, também quem segue o Vaticano, sabe que deve seguir antes de tudo essas homilias da manhã da Santa Marta, onde tem realmente a essência da mensagem deste Papa.

RV – As homilias na Santa Marta são também um grande exemplo de comunicação e de compartilhamento, têm também uma grande popularidade nas redes sociais...

Piqué – Isso, eu acredito que seja também um reflexo dos tempos em que vivemos e, nesse sentido, acredito que este Papa saiba muito bem os tempos em que vive. Isso demonstra também o fato de ter chegado poucos dias atrás no Instagram... Também me lembro que ele, voltando de uma das suas viagens, disse: “Ah, eu me sinto um pré-histórico perante todas essas redes sociais, tuítes, etc”. Ele sabe, de qualquer modo, que vivemos num mundo onde existe o “social” e onde o Papa sabe que a sua mensagem deve ser também “compreensível”, que inclusive uma criança deve poder entender. E isso reflete também porque inclusive nas “redes sociais” este Papa tem sucesso.

RV – Você conhece Jorge Mario Bergoglio muito antes que fosse eleito Papa. Que lembrança tem das suas homilias em Buenos Aires? Você encontra alguma diferença ou, ao contrário, existe uma continuidade nas expressões, nas imagens que ele utiliza?

PiquéAcredito que exista uma grande continuidade, porque quero dizer que ele sempre teve essa característica de ser um padre que pregava num modo realmente atraente. E isso é lembrado inclusive por pessoas que agora têm 40 anos, mas que conheceram o Pe. Jorge quando ensinava catecismo ou a quem deu a comunhão: lembram desse grande maestro no pregar, que faz com que a Palavra, isto é, o Evangelho, possa ser totalmente compreensível e totalmente atual. Acredito que esse seja um dom que ele sempre teve, esse de comunicar. Antes mesmo até de ser ordenado sacerdote, quando era mestre de literatura e de psicologia no Colégio da Imaculada Concepção de Santa Fé, os alunos lembram dele com um grandíssimo mestre que fazia crescer, que fazia pensar. Acredito que essa seja uma habilidade que sempre teve. Obviamente, como Papa, terá seguramente mais inspiração do Espírito Santo e isso o ajudará; mas é um dom, uma habilidade, esse saber comunicar, saber explicar, saber chegar no coração das pessoas, que acredito sempre tenha tido.

(AC)








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