Cidade do Vaticano (RV) - “O compromisso indispensável dos leigos na vida pública” é o tema escolhido pelo Papa Francisco para a assembleia plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), aberta na última segunda-feira (01/03), no Vaticano.
O Presidente da CAL, Cardeal Marc Ouellet, sublinhou três aspectos relativos ao tema, em seu discurso. O primeiro, é a importância de envolver os leigos no debate e na vida política dos países latino-americanos. Ele afirmou que não cabe à Igreja “ordenar a sociedade segundo justiça através da política, mas cabe sobretudo aos leigos católicos”, chamados a agir “com liberdade e responsabilidade, guiados pelo patrimônio da Doutrina da Social da Igreja”.
Missão
Segundo o jornal da Santa Sé, L'Osservatore Romano, o purpurado frisou que os bispos sabem que não têm vocação para o poder, conscientes da necessidade de não confiar a salvação à política e não cair nas armadilhas da política. “A sua missão não tem nada a ver com o protagonismo ativo na política. Isso não significa que devem perder o interesse por este âmbito e não se comprometer na construção de uma convivência civil e social mais humana para todos”, sublinhou.
O Cardeal Ouellet anunciou que o Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) e a CAL pretendem convocar, pela primeira vez, um encontro latino-americano entre bispos e leigos católicos que têm responsabilidade política no âmbito governamental, parlamentar ou administrativo nacional e local.
Misericórdia
Outro aspecto sublinhado pelo purpurado foi o da misericórdia. Ele recordou que nestes dias se comemora o décimo aniversário da Encíclica de Bento XVI Deus caritas est onde é proposto o vínculo indissolúvel entre caridade e justiça. Também o Papa Francisco, neste ano santo, propôs o tema da misericórdia que requer a justiça, mas que a qualifica a partir de dentro, a supera e a aperfeiçoa. “Porém”, ressalta Francisco, é preciso “restabelecer a dignidade da política, encaminhar as nações latino-americanas rumo à democracias consolidadas e maduras, promover uma participação maior e responsável da cidadania, converter os povos sobre sua própria história e destino, e incentivar a solidariedade com a consciência da fraternidade”.
O Cardeal Ouellet disse que “as obras de misericórdia corporais e espirituais requerem
não somente gestos pessoais, mas também a prática na vida pública. As obras de misericórdia
são exigentes e pedem para ser traduzidas na vida e nos programas políticos”.
“A misericórdia é uma componente fundamental e sabemos disso por experiência na América
Latina, na convivência com os nossos povos e na construção das nações. É essencial
para uma cultura do encontro, amizade social, reconciliação, perdão e cura das feridas,
amor preferencial pelos pobres e por aqueles que sofrem. Na prática, é o caminho privilegiado
de nova evangelização”, disse ele.
Celebração continental do Jubileu
O cardeal observou que o tema escolhido pelo Papa manifesta a grande preocupação pastoral das Igrejas e dos bispos da América Latina, presente também nos documentos das Conferencias do Episcopado Latino-americano de Puebla e Aparecida. Por isso, se fará uma reflexão crítica sobre o déficit da presença laical na vida pública. Por outro lado, se tentará suscitar, formar, encorajar e sustentar as novas formas de presença e contribuição dos cristãos latino-americanos, em colaboração com todos os homens de boa vontade, a fim de abrir caminhos de justiça, paz, reconciliação e integração, solidariedade e fraternidade na vida das nações latino-americanas.
O Cardeal Ouellet anunciou que de 27 a 31 de agosto próximo, em Bogotá, na Colômbia, se realizará a celebração continental do Jubileu Extraordinário da Misericórdia promovida pelo Celam e pela CAL, junto com os episcopados dos Estados Unidos e Canadá, com a aprovação e encorajamento do Papa Francisco. (MJ)
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