Roma (RV) - “Que este ano especial do Jubileu da Misericórdia, como dito pelo Papa
Francisco na bula de convocação `Misericordiae vultus´, supere os confins da Igreja
católica”. É o parecer do cardeal-arcebispo de Manilha, Luis Antonio Tagle, que participou
quarta-feira (24/02), na Universidade Gregoriana, da apresentação do livro “Religião
e Política”.
“Em primeiro lugar – disse o cardeal filipino – o Jubileu nos convida a sermos misericordiosos
não apenas com os membros da Igreja, mas também com quem está além de seus confins.
Ou seja, a reconhecer como irmão principalmente quem sofre, quem tem necessidades.
Nas injustiças, por exemplo, nas vítimas da falta de misericórdia. É preciso ocupar-se
destas pessoas, são nossos irmãos”.
Um segundo aspecto, acrescentou o cardeal, “é que temos que olhar para nossas tradições
religiosas e vermos aonde está a misericórdia nelas, para estudar como as várias religiões
a concebem e o que podem ensinar à Igreja católica em termos de misericórdia”. Sobre
este tema, Dom Tagle citou um exemplo eloquente: “Os monges budistas, por exemplo,
vão pelas cidades, pedem alimentos e depois colocam tudo em uma mesa à disposição
dos mais pobres. Não pedem para si, mas para os pobres... quando sobra, eles também
comem”.
“Precisamos aprender deles - sublinhou Tagle -, pedir ajuda não para nós, mas para
os outros, e assim, tocar o coração das pessoas. Isto é o que fez Jesus, mas é uma
prática budista que nos faz redescobrir o que Jesus fez”.
O cardeal, enfim, convidou a olharmos para a África, “aonde existem muitas famílias
com cônjuges de religiões diferentes: situações que nos chamam a ser misericordiosos”.
“A família – concluiu – pode portanto, ser escola de misericórdia, em especial as
famílias inter-religiosas”.
(CM)
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