Aos 82, Pe. Fernando Cardenal morre em Manágua


Manágua (RV) – A família jesuíta, a família Cardenal, amigos e “filhos de ensinamento” de Pe. Fernando Cardenal Martínez se reuniram domingo (21/02) numa emotiva despedida ao sacerdote, mestre e amigo que dedicou a vida à luta pelo ensino de qualidade e a inclusão para os mais pobres. Cardenal morreu sábado (20/02) em Manágua, aos 82 anos.

As honras fúnebres começaram à tarde, com uma missa de corpo presente na Sala Magna da Universidade Centro-americana, presidida pelo Cardeal Leopoldo Brenes. O lugar ficou pequeno para acolher a multidão que queria se despedir de Pe. Cardenal e do lado de fora foram colocados telões e cadeiras para que dali se pudesse participar da eucaristia.

A cerimônia foi particularmente emocionante e totalmente musicada com cantos da missa ‘campesina’; composições de  Carlos Mejía Godoy que uniam o folclore nicaraguense e letras que falavam de um Deus dos pobres, de um Cristo trabalhador e da fé e o esforço do povo rural.

Homenagem nos funerais 

No ofertório, no lugar das tradicionais oferendas, desfilou um retrato do Padre Fernando com uma imagem da Cruzada Nacional de Alfabetização. Atrás, crianças e jovens levavam elementos da Fé e Alegria, movimento de educação popular, que o padre dirigiu até sua morte.

Na homilia, o Padre José Alberto Idiáquez, reitor da Universidade Centro-americana, UCA, combinou a leitura de parte do testamento de Cardenal a anedotas sobre seu trabalho pela educação inclusiva e de qualidade para os pobres.

O Padre Fernando Cardenal foi sepultado ao cair da tarde deste domingo no Cemitério Geral da Companhia de Jesus. Os hinos de Fé e Alegria e da Cruzada Nacional de Alfabetização, considerados seus maiores legados ao país, foram entoados por familiares, amigos e crianças que escoltaram o caixão sob lágrimas, aplausos, flores e balões vermelhos.

“¡Hasta siempre, Fernando, gracias!”   

Personalidade de renome no tempo da guerra civil na Nicarágua, como o irmão Ernesto, também sacerdote e poeta, expoente da Teologia da Libertação, Fernando Cardenal foi suspenso ‘a divinis’ por seu envolvimento com o governo sandinista, do qual foi ministro de 1984 a 1990. Já antes, promoveu e coordenou uma campanha de alfabetização para mais de meio milhão de pessoas no país, que lhe valeu um reconhecimento mundial da UNESCO.

Em 1997, após repetir um ano de noviciado entre os mais pobres de El Salvador, aos 63 anos, Cardenal foi readmitido na Companhia de Jesus, da qual havia sido expulso em 1984 por causa de suas ligações com o movimento sandinista, que derrubou do poder o ditador Somoza do governo da Nicarágua.

(CM)








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