Dr. Gasbarri despede-se das viagens pontifícias


Cidade do Vaticano (RV) – A visita do Papa Francisco ao México marcou a despedida do Dr. Alberto Gasbarri das viagens papais ao exterior e na Itália. Responsável pela organização das viagens em três pontificados, o Diretor Administrativo da Rádio Vaticano se aposenta, após completar 70 anos. Ele será substituído pelo colombiano Monsenhor Mauricio Rueda Beltz, a partir de 1º de março.

Foi o próprio Francisco a antecipar aos jornalistas presentes no voo da Alitália rumo à Cuba - primeira etapa da viagem - que poderia ser organizada uma “festinha” de despedida e de agradecimento ao Dr. Alberto Gasbarri no retorno a Roma. De fato, a coletiva no avião com o Pontífice foi concluída com uma homenagem por parte dos jornalistas presentes no voo, com direito até mesmo a uma torta.

Num clima descontraído, o Dr. Alberto recebeu de presente, inicialmente, um pequeno avião da Aeroméxico, visto que “passou meia vida com a Alitalia, e portanto, como terá bastante tempo para brincar, compramos para ele um brinquedo, e esta é a parte da brincadeira”, disse uma jornalista. Após, o “presente sério”, que consistia de um photobombing com imagens da EBU, do L’Osservatore Romano e outras fontes, trazendo os momentos mais históricos e importantes das viagens.

Antes de dar a palavra ao Dr. Alberto, o Santo Padre disse: “Uma só palavra. Também eu repito aquilo que foi dito no início: muito obrigado! E me deu bons conselhos. Somente, tem um defeito: não sabe calcular bem a quilometragem”. 

O Diretor Administrativo da Rádio Vaticano, tomou a palavra agradecendo a homenagem:

“Obrigado, Santo Padre, agradeço a todos os colegas. Estou emocionado neste momento. Naturalmente, agradeço ao Papa Francisco pela sua confiança e a sua paciência. Conto para vocês uma pequena história. Em novembro estávamos na África, em Bangui, e o Santo Padre deveria encontrar os bispos, e eu vejo que vai até a capela onde não estavam os bispos. Digo: “Mas, Santo Padre, deves encontrar os bispos....”. E ele me respondeu: “Vou à capela para rezar a Nossa Senhora para que me dê paciência de suportar Gasbarri”. Assim (risos). Agora libertei ele de uma intenção de oração…. (risos). Obrigado Santo Padre; obrigado por tudo. Normalmente, o meu pensamento de gratidão vai para o Papa Bento com o qual ainda tenho uma relação de afeto e devoção e naturalmente a São João Paulo II, ao qual dei 27 anos, o melhor  da minha vida – era jovem! – e sou também tão afeiçoado a ele. O último agradecimento para o Cardeal Tucci, que eu chamo ainda “pai”, porque foi para mim um pai”.

Mas, quem deu início às homenagens, foi a decana das jornalistas, que assim se pronunciou:

“Vamos procurar ter uma boa relação... Realmente, gosto muito de brincar, o senhor sabe. Porém, neste momento, não consigo, porque me entristece muito a ideia de que na próxima viagem não teremos Alberto e não me vem nada de espirituoso para dizer, pois é uma daquelas pessoas que é impossível pensar em não ver ao seu lado, nos próximos meses. A primeira vez que o vi, há 37 anos, o senhor tinha mais cabelo, era um pouco mais magrinho, mas era exatamente a mesma pessoa. Eu o chamaria “o senhor dos céus”, é a expressão que me ocorre. É um gentleman de outros tempos, não somente pelo casaco e a sua roupa impecável, mas passamos por tantas coisas. Ele esteve a serviço – como se diz na Igreja – de três papa; houve tantos momentos difíceis, aterrissagens de emergência, países em guerra.... Nunca o vi levantar uma sobrancelha sequer, nunca uma palavra desnecessária, nunca um momento de nervosismo, nunca uma descortesia com ninguém. Realmente, um senhor. É como um alfaiate: um grande alfaiate que preparou sob medida diversas viagens para três Papas. No início de João Paulo II, acredito que quando iniciou a colaborar com Padre Tucci depois da saída de Mons. Marcinkus, acredito que Mons. Marcinckus tenha dito a ele: “Olha, este é polonês, é um cabeça dura e tu vais ver de tudo”. E acho que tenha sido assim, no início. No final do pontificado, é verdade... – era um pouco como um filho: são somente organizava as viagens mas estava próximo a um homem que cada dia mais tinha limites físicos e ele inventou de tudo – trono móvel, plataforma móvel – e víamos com que sentimento, com que angústia, às vezes, era próximo a ele e era atento para que nada acontecesse, que estivesse bem. Depois, veio Papa Bento: ele, até ali era o “número dois”, digamos; em 2005, o Papa Bento o nomeia “número um” e acredito – não sei se me engano – e acredito que tenham sido talvez os oito anos mais tranquilos? Mais simples?, pois acredito que o Papa Bento XVI fosse mais humilde, mais organizado, não atrasava um minuto no protocolo, seguia tudo aquilo que Alberto dizia a ele, mais “dócil”, digamos assim. (risos). E depois....chegou um furacão, e acredito que Alberto teve que fazes um outro vestido e dizer: “Ó Deus, também este tem a cabeça dura”, penso. E mesmo assim, acredito que tenham chegado de novo a ter uma relação belíssima: fizemos todas estas viagens, todas, com João Paulo II, com Bento, com o senhor, sob medida realmente para cada um de vocês porque finalmente – como o senhor disse – cada Papa é um homem: tem os seus gostos, tem os seus ritmos, tem as suas prioridades e acredito que ele tenha conhecido interpretar todos os três da melhor maneira e sempre com uma gentileza, uma pacatez, uma educação e uma eficiência realmente extraordinários. Portanto, realmente me dá muita tristeza que na próxima viagem tu não estarás”. (JE)








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