Papa fez um reconhecimento epocal da pastoral indígena


Cidade do México (RV) – “As palavras do Papa dirigidas às comunidades indígena do Chiapas assumem um significado epocal”, afirmou o responsável pelo Escritório para a Pastoral dos Migrantes da Diocese de Milão, Padre Alberto Vitali. O sacerdote é autor do livro “O bispo do Chiapas. Bispo de Samuel Ruiz dito Tatic”, editado pela EMI.

“Desde os tempos do Concílio – explica o sacerdote – que teve início uma reflexão sobre culpas históricas, não somente dos povos colonizadores, mas da própria Igreja em relação aos índios. Ao lado de exemplos brilhantes de sacerdotes que se colocaram do lado das populações indígenas, como Bartolomé de Las Casa, também é verdade que uma espécie de paternalismo em relação a eles, traiu a presunção europeia de considerá-los incapazes de assumir em primeira pessoa o anúncio do Evangelho”. “Os poucos sacerdotes índios ordenados – conta Padre Vitali – foram impelidos a realizar um caminho de purificação de suas culturas para assumir uma cultura europeia”.

“Nos últimos anos, pelo contrário – observa - sobretudo após a Conferência de Medelin (1968), algumas igrejas locais, como a de San Cristóbal de Las Casas do Bispo Samuel Ruiz, promoveram uma verdadeira e própria pastoral indígena, e não indigenista, onde os povos indígenas passaram a ser considerados “sujeitos” da fé”. “O fato de que o Papa reabilite a cultura deles e peça perdão aos índios – avalia – é, junto, o reconhecimento deste caminho e uma consagração do mandato deles como testemunhas do Evangelho no mundo de hoje”.

Uma denúncia para devolver dignidade às vítimas

“O falar claro do Papa sobre narcotráfico, a corrupção, a necessidade de transparência, diante do Presidente Neto, me parece ser uma grande fonte de esperança e consolação para o povo mexicano que, nos últimos dez anos em particular, foi muito provado pela violência”, diz Lucia Capuzzi, jornalista do Avvenire, especialista em política latino-americana, e enviada ao México para acompanhar a viagem. “Denunciar em um encontro oficial a corrupção, o narcotráfico, a exclusão das culturas diversas, a violência, as mortes, o tráfico de pessoas e os sequestros, como fez o Papa – avalia – significa colocar em primeiro plano a guerra, absolutamente esquecida pela mídia e pela política internacional, que caracteriza a história do México há pelo menos dez anos. Aqui foram mortas mais de 200 mil pessoas, a grande maioria civis, vítimas da violência entre as várias organizações criminais, os famosos “narcos”, mas com a cumplicidade ativa de “partes de Estado corrupto”.

O caso dos 43 estudantes de Iguala, entregues pela polícia aos narcotraficantes que depois os fizeram desaparecer, nada mais é do que a ponta do iceberg de um mecanismo que se repete muitas vezes no país”. “Tanto é verdade – explica a jornalista – que a primeira coisa que dizem os mexicanos a quem vem ao seu país é: “por qualquer motivo, não procure a polícia”. Falar destes temas abertamente, como fez o Papa, significa colocar-se do lado das vítimas, dizer a eles que não estão sozinhos e dar a eles dignidade”. (JE)








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