A expectativa da Igreja Ortodoxa russa presente no RJ


Cidade do Vaticano (RV) – No dia do histórico encontro entre os líderes das Igreja Católica, Francisco, e da Ortodoxa, Kirill, nós contatamos o Padre Marcelo Paiva, diácono da Igreja Ortodoxa Russa e pertencente ao clero da Missão da Proteção da Mãe de Deus, no Rio de Janeiro. 

Ouça a reportagem.

Nascido em 1977, na cidade de Nilópolis (RJ), em família católica romana, foi batizado e durante a infância recebeu a formação religiosa católica. Casado, aproximou-se em 2003 da espiritualidade ortodoxa. 

No ano de 2007, criou um blog dedicado à promoção dos valores morais e espirituais dos brasileiros orientados por uma perspectiva espiritual ortodoxa. Com um número superior a 800 artigos, o blog contém homilias e textos de orientação espiritual de Santos, teólogos ortodoxos e sacerdotes, tanto do passado quanto contemporâneos, além de artigos próprios do autor.

Este esforço resultou no encaminhamento de muitos brasileiros a conversão a Ortodoxia, em paróquias de vários estados do Brasil. Em 2009, foi recebido na Igreja Ortodoxa, juntamente com sua esposa, pelo Santo Mistério do Crisma.

A Igreja de Santa Mártir Zenaide está atualmente sob jurisdição da Diocese da Argentina e América do Sul, Patriarcado de Moscou e toda a Rússia. O templo conta sete décadas de vida paroquial, tendo sido edificado em 1937 por exilados russos que buscavam refúgio das perseguições iniciadas em decorrência da revolução. 

O caminho de conversão:

“Eu me converti ao Cristianismo ortodoxo há alguns anos na Paróquia de Santa Mártir Zenaide, no Rio de Janeiro, e ao longo do tempo, fui galgando as etapas do sacerdócio ortodoxo e hoje, com a ajuda de Deus, sirvo a Igreja como diácono. Sou brasileiro, nato, sem nenhuma vinculação familiar com a Rússia ou qualquer etnia ortodoxa: é um caminho novo que se apresenta para a nossa Igreja”.

Dificuldades, mas o encontro é benfazejo 

“Verdadeiramente é um encontro muito importante, muito esperado há muito tempo e todos nós ficamos com uma boa expectativa em relação a ele. Como é sabido, as maiores dificuldades ao longo do tempo foram as características especiais da relação entre a Igreja Católica Romana e a Igreja russa na própria Rússia e principalmente na Ucrânia. Existem dificuldades em relação àquilo que a Igreja Ortodoxa, ao longo do tempo, caracterizou como uma possibilidade de proselitismo da Igreja Católica no território ucraniano e este tipo de questão muito delicada é o que vem impedindo, há tempos, o encontro do primeiro hierarca da Igreja russa com o Papa de Roma. Com toda certeza, neste encontro, que para todos nós é benfazejo, tem como objetivo  marcar os pontos em comum entre as posições das duas Igrejas em relação a questões muito importantes do mundo contemporâneo, principalmente as perseguições dos cristãos em muitas regiões do mundo, especialmente no Oriente Médio”

Declaração comum

“Com toda certeza, a declaração comum do Patriarca da Igreja russa e da Igreja de Roma deve ter este sinal de uma compreensão de que, à despeito de nossas divergências teológicas e dos pequenos problemas que ainda existem em nosso convívio no espaço comum, temos uma preocupação comum em alertar o mundo sobre o que acontece com os cristãos em muitas regiões do Oriente e também, certamente, com a dificuldade de preservação dos valores cristãos em nossa sociedades ocidentais. Esta preocupação a respeito da diminuição do espaço de influência do cristianismo na sociedade, a defesa da família, a preservação da vida: estes pontos devem ser abordados na declaração. Ficamos na expectativa, mas com toda certeza o cerne desta declaração comum deve ser neste espírito: de que concordamos a respeito de muitas coisas, com a ajuda de Deus”. 

(CM)

 








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