Papa no México: bálsamo para o povo ferido


Cidade do Vaticano (RV) – “O que o Papa pretende com a viagem ao México?”, quem fez esta pergunta foi o próprio Francisco, na videomensagem ao povo mexicano antes de sua partida.

A resposta, disse ele, é imediata e simples: “Desejo ir como missionário da misericórdia e da paz; encontrar-me com vocês para confessar nossa fé em Deus e partilhar uma verdade fundamental em nossas vidas: Que Deus nos ama muito. Quero estar o mais próximo possível a vocês, mas especialmente daqueles que sofrem, abraçá-los e dizer-lhes que Jesus os ama, que Ele está sempre ao seu lado”.

Para a jornalista mexicana da Rádio Vaticano, Patricia Jaurigui, é exatamente esta é a mensagem que o povo necessita ouvir do Pontífice:

“Certamente a proximidade da Igreja universal para as atividades que a população está realizando atualmente para criar a mudança no país. Certamente o apoio do Papa como Pontífice, porque o México sempre foi um país abençoado com a presença dos Pontífices João Paulo II e Bento XVI e, atualmente, a figura do Papa Francisco é magnética. O povo necessita sentir o abraço irmão, amigo, comprometido em favor do povo. Esta é a mensagem que precisa ouvir e que permitirá certamente dar força à população para seguir lutando pela mudança, pois há muitas coisas a serem mudadas no México.

RV:- O que por exemplo?

“O México é um país onde existe impunidade, por parte do governo, ocultada por setores sociais, culturais, de todos aqueles que detêm a informação. Necessita-se de uma mudança em nível de mentalidade. No México, se tende a reproduzir o modo de pensar de que quem é pobre, se mantenha na pobreza. Isso significa que no México as classes sociais estão muito bem definidas.”

RV:- Falando um pouco do programa, o que significa esta visita ao Santuário de Guadalupe?

“Nossa Senhora de Guadalupe é a figura materna do país. A visita do Papa a este lugar confirma mais uma vez que a religiosidade popular é válida na nossa Igreja. Para o povo será a interpretação de que é o abraço entre a mãe do povo e o filho, que é Francisco.”

RV:- Há encontros com os Bispos, as famílias, os jovens, mas também etapas significativas, como Chiapas e Ciudad Juárez. O que isso significa?

“Esta pergunta é muito importante porque é preciso observá-la a partir de dois níveis. Tem uma dúplice importância: o indígena, que necessita de uma palavra de conforto, pois no México eles são usados. Por muitos anos não tiveram direitos, então são usados como estandartes de justiça, de promoção dos seus direitos e, ao final, não é assim. Este é o lado indígena, e é importante que o Papa o toque. Mas também é importante que o Papa esteja presente onde passa tanta carne, tanta carne de tráfico, de comércio, de pessoas que não têm nome, que são anônimos e que também não têm direitos. Tem um dúplice significado seja a visita ao Chiapas, que está no sul do México, seja em Ciudad Juárez, onde vive um povo que realmente sofreu muito e continua sofrendo.

No México, o problema da migração, dos indígenas e do tráfico de pessoas está entrelaçado com o narcotráfico. Forma parte de um ciclo de vida corrupto que está criando também um sistema. No México se vive uma espécie de guerra civil entre o narcotráfico, Estado, exército e polícia. Todos estão combatendo.”

RV:- Enfim, se trata de uma viagem oportuna....

“Mais do que nunca é oportuna a realização desta viagem, um pouco para tranquilizar os corações feridos da população mexicana. Há um problema muito sério, que está latente como uma chaga: o problema dos 43 jovens que desapareceram misteriosamente em Guerrero. É um povo muito ferido. Certamente a presença do Santo Padre será como um bálsamo para cobrir as feridas e aumentar um pouco a esperança de um povo que está realmente ferido há décadas.”

(BF)








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