Os peregrinos devem superar o medo, diz Dom Andreatta


Cidade do Vaticano (RV) -  Por ocasião do Jubileu dos Operadores de Peregrinações e dos Santuários, o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização está promovendo em Roma, de 19 a 21 de janeiro, um Encontro Internacional voltado às pessoas envolvidas nesta missão, como párocos, reitores e operadores dos Santuários, com o objetivo de relançar o valor pastoral e educativo da peregrinação, uma questão não muito fácil nos tempos atuais. A este propósito, a Rádio Vaticano conversou com o Administrador delegado da Obra Romana de Peregrinações (ORP), Dom  Liberio Andreatta:

“Antes de tudo, devo dizer que o Santo Padre quis celebrar, entre os primeiros Jubileus, precisamente o dos reitores dos Santuários, dos párocos e dos organizadores de peregrinações, para que entrassem na cultura e na mentalidade e fossem sensibilizados pelo fato de que a peregrinação, além de ser um momento de promoção do homem, é sobretudo evangelização e catequese. Assim, sensibilizar os promotores das dioceses, das paróquias, para que utilizem este instrumento de peregrinação como um autêntico instrumento pastoral de evangelização e de catequeses”.

RV: Neste momento, no entanto, não é fácil falar de peregrinações, organizar peregrinações. Por que?

“Vivemos em uma sociedade onde tudo se torna veloz, onde se consuma tudo em breve tempo. Existe, depois, uma cultura do individualismo muito acentuada que incide também, infelizmente, sobre os nossos fieis, facilitada também por aqueles que são hoje os instrumentos tecnológicos. As mídias sociais, por exemplo, antes que o utilizo de transportes como a alta velocidade, como o low cost, você pode entrar na internet e montar um itinerário na própria medida. Perdeu-se um pouco, portanto, o sentido da comunidade. Assim, nós deveríamos trabalhar muito mais com os sacerdotes, para que façam entender aos fieis que uma peregrinação não se faz sozinho, mas se faz junto à comunidade. É uma experiência, de fato, de Igreja, e a experiência de Igreja é vivida na medida em que se participa juntos. Educamos o homem para caminhar juntos, viver juntos, a ajudar o irmão que está ao lado e tem necessidade. Portanto, fazer da peregrinação um instrumento também educativo”.

RV: A crise econômica que estamos vivendo e também o medo, a ameaça do terrorismo, têm tornado mais difícil a peregrinação,...

“Sim, estes são outros obstáculos. Certamente, também o modo como é apresentado na mídia este momento particular, desencoraja. Na nossa experiência de peregrinação, porém, vemos que as pessoas tem uma memória breve. O medo, ou seja, é superável. O fato da situação econômica  é superável. São obstáculos que, se nós utilizamos o instrumento – eu diria – de viver  a comunidade e da solidariedade, podem ser superados”.

RV: Não deixa dúvidas, porém, que neste momento também em Roma vemos uma menor presença do que a esperada...

“Sim, é compreensível, porque o Ano Santo foi aberto em todas as Catedrais e Santuários do mundo. Portanto, esta novidade fez com que os peregrinos, nos primeiros meses de peregrinação, a vivessem em suas comunidades, nas suas catedrais, com os seus bispos, com os seus sacerdotes, nos seus santuários. Segundo aspecto: é também um período em que os eventos de Paris estão ainda muito vivos e portanto o medo neste momento impera. Depois, certamente, não é a melhor estação para viajar... Eu acredito, portanto, que com a primavera e com a proximidade da Páscoa, teremos numericamente uma maior participação dos peregrinos”.

RV: Uma palavra sua também sobre a Terra Santa, sempre uma meta de peregrinos...

“É fundamental! A Terra Santa é o coração da peregrinação, porque se vai onde tudo começou. Ir, portanto, recomeçar por si mesmos, e assim retornar às próprias fontes, às próprias raízes. A Terra Santa infelizmente tem seus altos e baixos. O período de agora não é muito feliz, precisamente pelos conhecidos fatos que vemos na televisão. Tem, porém, uma coisa: os peregrinos que vão, retornam serenos, porque na Terra Santa não existem perigos para os peregrinos. Nunca, em 40 anos da minha experiência, foi tocado um único fio de cabelo de um peregrino. A Terra Santa é acessível, se pode ir lá, e em máxima segurança. Eu gostaria de fazer um apelo hoje, através da Rádio Vaticano, para encorajar os sacerdotes, os párocos, os fieis, os peregrinos a não se desencorajarem, a não terem medo. Na terra santa se pode, se deve ir. Não podemos deixar somente as comunidades cristãs que vivem também economicamente da nossa presença. Portanto, vamos até lá: faz bem a nós e faz bem a eles”. (JE)








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