Papa na Sinagoga: brasileira dá o seu testemunho. Ouça


Cidade do Vaticano (RV) - A Itália foi o primeiro país na diáspora judaica e a comunidade de Roma é a mais antiga do mundo ocidental, com uma presença de 22 séculos. Atualmente, vivem na capital italiana cerca de 15 mil judeus. O Programa Brasileiro contatou a brasileira Paula Assin, casada e mãe de duas jovens. A família é inscrita na comunidade judaica. Paula nos ofereceu seu testemunho, frisando a importância de o Papa destacar a fraternidade entre as duas religiões. Para ela, é fundamental, no contexto italiano, esclarecer a diferença entre ser israelense e ser judeu. Ouça a entrevista na íntegra, clicando abaixo.

A importância das visitas para eliminar o preconceito

“Na minha opinião, acho muito necessário divulgar ao máximo todas estas etapas, as várias visitas que os Papas realizaram nos últimos tempos às Sinagogas e este contato com a comunidade judaica. É muito importante inclusive para tentar cancelar insultos, por exemplo, que ainda existem aqui na Europa contra o povo judeu, para que seja possível realmente uma mudança cultural neste sentido. Existem muitos modos de dizer, aqui na Itália, como por exemplo ‘Porco Giuda’, ou muitas vezes, ‘Sei un ebreo’, como uma maneira de insultar as pessoas. Estes modos de dizer deveriam ser banidos do vocabulário italiano; na minha opinião deveriam ser até mesmo proibidos, porque alimentam o antissemitismo ou a acusação justamente de que – como se pensa – que os judeus tenham sido responsáveis pela morte de Cristo. Eu acho que o Papa, ao fazer esta visita, deveria sublinhar a fraternidade que existe entre as duas religiões hoje em dia".

Ser israelense não é ser judeu

"Muitas vezes, as pessoas inclusive aqui na Europa confundem o judeu com o israelense, e este é um aspecto extremamente perigoso, na minha opinião. Toda vez que o Estado de Israel realiza alguma iniciativa de defesa do território parece que a população aqui na Europa logo associa ações políticas do Estado de Israel à presença de judeus aqui. Acabam ‘culpando’ os judeus por escolhas que um país democrático, como Israel, faz. Eu senti isto sinceramente na pele quando justamente as minhas filhas frequentavam a escola italiana e em diversas ocasiões tiveram que esclarecer estes fatos com os colegas; tiveram inclusive que protestar na diretoria do liceu contra certas escritas que apareciam vez ou outra nas paredes da escola: escritas contra Israel ou contra os judeus".

Duas crenças irmãs

"Sinceramente, acho que o Papa poderia sublinhar esta fraternidade que deve haver entre os judeus e os cristãos, sobretudo hoje, que nós estamos enfrentando um momento difícil, inclusive delicado, em relação a tudo o que temos visto em termos de guerras e perseguições, não somente em relação aos judeus hoje em dia, mas em relação também aos cristãos. Portanto, precisamos dar as mãos e trabalhar neste sentido, na fraternidade entre as duas fés”. 

(CM)








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