Papa Francisco leva esperança à Ciudad Juárez, no México


Cidade do Vaticano (RV) - A crise humanitária provocada pela onda migratória, em particular na Europa, foi um dos principais pontos do discurso do Papa Francisco aos embaixadores acreditados junto à Santa Sé. A situação entre a fronteira do México e dos Estados Unidos, no entanto, não foi esquecida pelo pontífice, que classificou-a como “dramática”.

A violenta Ciudad Juárez, no México

Nesse sentido, o Papa fez questão de incluir a Ciudad Juaréz  na agenda de sua Viagem Apostólica ao México, que ocorre entre os dias 12 e 17 de fevereiro deste ano. Entre as décadas de 90 e 2000, o município mexicano – que faz fronteira com o Texas, nos EUA – foi palco de uma sequência de homicídios, principalmente os feminicídios, que levaram uma grande escala de mulheres jovens a morte.

Apesar das investigações, as autoridades não chegaram a um consenso do que estaria por trás da maciça violência na Ciudad Juaréz, que já foi considerada a mais perigosa do mundo, com base nos tiroteios e assassinatos. Cogitam-se o tráfico de drogas e de órgãos, além da exploração sexual. Assim, com o objetivo de abastecer também o mercado ilegal norte-americano, a presença dos cartéis de drogas na região se tornou notória.

Última parada de Francisco no México

A visita do Papa à Ciudad Juárez está programada para 17 de fevereiro, último dia da viagem de Francisco ao México. A área também é um foco de migrações sazonais e de pessoas que tentam atravessar a fronteira ilegalmente, mas acabam vítimas de organizações criminosas. Muitas delas, no entanto, perdem suas vidas ou então deportadas.

A construção de um muro de aproximadamente 1,2 mil quilômetro de extensão, o uso da vigilância eletrônica e o aumento de militares não foram suficientes para evitar que criminosos continuem atuando na região. A situação, porém, fez aumentar a rejeição da imigração ilegal nos Estados Unidos.

A Igreja e as comunidades americanas e mexicanas

Para tentar prosperar a comunhão na região da fronteira entre os dois países, em dezembro, foi realizado um evento histórico na linha que separa a fronteira dos dois países – El Paso (EUA) e Ciudad Juárez. No local, os Bispos de ambas cidades e os cônsules-gerais de México e EUA se uniram na Ponte Internacional Santa Fé. Ali, celebraram juntos “las posadas”, isto é, uma oração e um momento de festa para as crianças, típico da tradição latino-americana no período natalino.

O episcopado americano também tem se posicionado favorável aos direitos dos migrantes. O Cardeal e Arcebispo de Boston, Dom Sean O’Malley, foi um deles. A questão, no entanto, tem dividido a opinião pública nos EUA, onde se discute há algum tempo uma reforma da imigração. Algumas correntes são absolutamente contra qualquer abertura em favor dos imigrantes.

Papa nos EUA

Em sua visita aos EUA, em setembro do ano passado, o Papa Francisco falou ao Congresso em Washington a respeito da onda migratória no continente. “Mesmo neste continente – disse o pontífice – milhares de pessoas são forçadas a viajar para o norte em busca de melhores oportunidades. Não é o que queríamos para nossos filhos? Nós não devemos se assustar com o número, mas sim vê-los como pessoas, olhando para seus rostos e ouvindo suas histórias, tentando responder da melhor forma possível às suas situações. Responder de uma maneira que seja mais humana, justa e fraterna. Devemos evitar uma tentação comum hoje: rejeitar qualquer prova problemática".

Às vésperas da visita do Papa à Ciudad Juárez, ainda neste mês, o município receberá as relíquias da bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá, que será canonizada em setembro pelo Papa Francisco. (PS)








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