Embaixador: causas de onda migratória devem ser debatidas


Cidade do Vaticano (RV) - Dados recentes da ONU (Organização das Nações Unidas) estimam que, no ano de 2015, aproximadamente 60 milhões de pessoas  tenham fugido de áreas em conflitos com objetivo de se afastar de guerras e se proteger de perseguições. O número é 60% maior ao registrado pela entidade há dez anos e revela o agravamento da onda migratória, já considerada pela ONU a maior desde a Segunda Guerra Mundial.

 

O atual fenômeno migratório é visto com preocupação pelo Papa Francisco, que coloca o problema como um “desafio global” às nações de todo o mundo. O tema, inclusive, ocupou um amplo espaço no discurso realizado pelo pontífice na última segunda-feira (11/1) aos embaixadores acreditados junto à Santa Sé.

Pedra fundamental para o futuro

De acordo com o Papa, o tema é complexo e requer projetos a médio e longo prazos que devem ir além da lógica da emergência. Para ele, os migrantes são “pedra angular do futuro do mundo”. O embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Dr. Denis Fontes de Souza Pinto, esteve no encontro com o Papa e concorda que existe a necessidade de uma reflexão profunda sobre esse drama humanitário.

“Se a gente olhar para a história da humanidade, história da Europa, história das Américas, história de outros continentes, o imigrante foi sempre aquele que saiu de seu país para buscar um futuro melhor. E sempre traz uma renovação, novo impulso, necessidade de participar e de conviver com uma nova sociedade. Juntamente com isso, traz também um questionamento: Por que ele teve de sair? É uma grande questão que está no discurso do Papa. As grandes causas desses grandes dramas humanitários que vivemos hoje. Por que é que hoje em dia temos um grande exido humano por algo ocorrido e gerou esse grande fluxo migratório? É  uma oportunidade para que o mundo se questione se não poderia ter feito mais para evitar tudo isso.”

Globalização da indiferença

A cultura da indiferença é outra questão que o Papa Francisco tem apontado com frequência em seus discursos. Na audiência com os embaixadores também não foi diferente, e o tema foi lembrado pelo pontífice. Para ele, o espírito individualista está na raiz da indiferença pelo próximo e acaba por tornar as pessoas “medrosas e cínicas”, principalmente diante dos pobres e dos marginalizados.

Ao refletir sobre o discurso do Papa, o embaixador brasileiro diz que é uma oportunidade para se pensar na restauração dos valores humanos e do respeito para com o ser humano.

“É o grande dilema que nós vivemos hoje. Se por um lado temos um enorme acesso à informação, ao mesmo tempo, esse excesso de informação gera um cansaço das pessoas. Então, gera uma certa indiferença em relação aos problemas dos outros. A grande questão é a necessidade de restauração de valores humanos, de respeito ao outro como ser humano. Isso tudo está dentro desse grande dilema que nós estamos enfrentando no mundo de hoje.” (PS/SP)








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