Igreja Anglicana debate os desafios da comunhão interna


Londres (RV) – Teve início na segunda-feira, 11, em Londres, uma reunião de fundamental importância para o futuro da Comunhão Anglicana. Trata-se do encontro – convocado em 16 de setembro passado pelo Arcebispo de Cantuária Justin Welby, em vista da próxima Conferência de Lambeth, prevista para 2018 – que reunirá os Primazes das 38 Províncias que fazem parte da Comunhão Anglicana, representando 85 milhões de fieis presentes em 165 países.

Os temas

Entre os temas a serem tratados até o dia 16 de janeiro, estão a revisão das estruturas eclesiásticas, mas sobretudo a busca de uma abordagem ampla da gestão de questões como a homossexualidade e a ordenação de mulheres como bispos, temas sobre os quais, sobretudo na última Conferência de Lambeth de 2008, surgiram profundas divergências, em particular entre as comunidades dos países ocidentais e aquelas dos países africanos e asiáticos.

Comunhão mais profunda fundada no respeito recíproco pelas diferenças

Questões delicadas, portanto, também porque a Comunhão Anglicana não tem uma organização centralizada e cada Província possui uma forte independência, quer no plano disciplinar e organizativo, como no teológico, enquanto a Igreja da Inglaterra como “Igreja mãe”, goza somente do status de prima inter pares. Aspecto este sublinhado pelo próprio Welby na carta de convocação. “Cada um de nós – lê-se – vive em um contexto diferente. A diferença entre as nossas sociedades e culturas, assim como a velocidade das mudanças culturais que são registradas em grande parte dos países do norte, nos levam a nos dividir como cristãos”. E isto, não obstante que “o mandamento da Escritura, a oração de Jesus, a tradição da Igreja e a nossa compreensão teológica nos exortem à unidade”. Desta premissa – segundo o Primaz inglês – deve nascer não certamente um estéril humanismo, mas uma comunhão a um nível talvez mais profundo, uma unidade que saiba nutrir-se sobretudo pelo respeito recíproco na gestão das diferenças.

Encontrar um equilíbrio permanecendo fieis à revelação de Cristo

De fato, “a família anglicana do século XIX deve encontrar espaço também para uma crítica e uma dissensão profunda, permanecendo fiel à revelação de Jesus Cristo”. Trata-se portanto – sublinha Welby – de chegar a um sábio equilíbrio na consciência de que “não temos nenhum Papa anglicano” e “que a nossa autoridade como Igreja se encontra, em última análise, na Escritura, corretamente interpretada”.

Pensador católico no encontro

A ordem do dia definitiva – lê-se no comunicado divulgado pelo Lambeth Palace – será fixada de comum acordo com todos os Primazes. Na reunião – refere o L’Osservatore Romano – deverá participar o pensador católico Jean Vanier. Uma escolha que confirma o caminho do diálogo ecumênico, em particular com o mundo católico, assumido por Welby que, como recordamos, em novembro passado havia convidado o Pregador da Casa Pontifícia, Padre Raniero Cantalamessa, para oferecer uma reflexão por ocasião da abertura dos trabalhos do Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra. (JE)








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