Papa defende esforço conjunto, com olhar de misericórdia, avalia D. Paul Gallagher


Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco proferiu seu discurso de felicitações de Ano Novo ao Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, onde tratou de diversos temas no campo da paz e da justiça social, entre outros. O Secretário para as Relações com os Estados, Dom Paul Richard Gallagher, fez uma apreciação dos discurso do Papa aos microfones da Rádio Vaticano:

“Acredito que o Santo Padre tenha desejado olhar com uma ótica de espiritualidade também para estas situações mundiais tão conflituosas. Ele inseriu tudo isto também no contexto do Jubileu da Misericórdia. É um Jubileu em que nós devemos olhar para a situação da comunidade internacional com olhos misericordiosos. O Papa fez o seu elenco dos problemas, dos conflitos no mundo, também com alguma denúncia, porém não foi um discurso de condenação. Ele deseja que nós realmente nos sintamos encorajados, que nós – como sociedade humana, como países – sejamos capazes de enfrentar estes problemas. São problemas gravíssimos, como o das imigrações europeias. Porém, devemos ser capazes de enfrentar estas situações. Assim, o Papa quis dar realmente um estímulo positivo, um impulso que é também um desafio para a comunidade internacional, representada pelos seus Embaixadores junto à Santa Sé, mas ao mesmo tempo quis dizer: “Sejamos misericordiosos, procuremos trabalhar neste sentido; a Santa Sé está disposta a colaborar com vocês, a estar ao vosso lado, também o próprio Papa”

RV: O Santo Padre denunciou fortemente o terrorismo e quem usa o nome de Deus para matar. E insistiu também sobre a importância do diálogo, da cooperação com o mundo muçulmano...

“Sim, estes são os dois polos. Reiterar a importância, o valor do diálogo com o Islã, com outras religiões e com toda a sociedade, é indispensável; e ao mesmo tempo, a condenação do uso ou do abuso da religião em nome da violência ou do terrorismo. Isto sim. Pois isto – sobretudo para o Santo Padre – é um escândalo tremendo: que as pessoas, em nome de Deus, matem outras pessoas, sobretudo pessoas inocentes e vulneráveis. Que as pessoas submetam inteiras comunidades a anos e anos de sofrimento e violência. Este é um grande escândalo que nós devemos vencer. E nós, como Santa Sé, entidade religiosa, sentimos isto de maneira ainda mais forte, talvez, do que as sociedades seculares ou leigas, porque nós vemos que a verdadeira mensagem da religião, que é o amor, é tão distorcida deste modo. E o Papa, justamente, denuncia estas coisas com a máxima energia”.

RV: Falando da crise migratória, o Papa agradeceu os esforços realizados por países como a Turquia, a Grécia e sobretudo a Itália, por salvar a vida de tantos migrantes no Mediterrâneo. E insistiu na necessidade de uma política pan-europeia para enfrentar este problema...

“Sim, o Papa quis apresentar um elogio e reconhecer os grandes esforços, os grandes sacrifícios que diversos países fizeram, ou aqueles que acolheram imediatamente os refugiados, como a Jordânia e Líbano, e depois os países de fronteira, como a Turquia, a Itália e a Grécia, pois não obstante a questão migratória seja uma crise para a Europa de hoje, ao mesmo tempo muitas destas sociedades, destes governos, destas autoridades e muitos indivíduos, socorrem estas pessoas que, como o Papa disse, “não são pessoas anônimas, são pessoas humanas como nós, são crianças...”. E assim, nós devemos enfrentar este problema espinhoso, esta crise muito grave. E nisto, não estamos subestimando as dificuldades e os problemas, nem os problemas internos de certos países, absolutamente não. Porém, ao mesmo tempo, afirmamos de que é necessário fazer um ulterior esforço, porque este é um problema que merece atenção, porque é um problema não somente social, mas é essencialmente uma crise moral para a Europa. A maneira como reagiremos a esta situação, determinará que tipo de país seremos. E a ideia de que devemos defender os nossos valores, fechar a nossa sociedade, talvez nos causará mais danos do que abrir as nossas portas e os nossos corações para acolher estas pessoas em dificuldade”. (JE)








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