Juína (MT), aonde a evangelização parte da vida do povo


Cidade do Vaticano (RV) – Dando sequência à visita do programa Brasileiro à Diocese de Juína, situada no Mato Grosso, na região fronteiriça entre Amazonas e Rondônia, o nosso anfitrião, Dom Neri José Tondello explica hoje que as medidas tomadas pelo governo para solucionar a situação conflitiva entre madeireiros e proprietários de terras são condicionadas por pressões econômicas relacionadas ao agronegócio.

Dom Neri também lamenta que as antigas culturas indígenas se deixam contagiar pelo fascínio do consumismo propagado pelo projeto neoliberal. 

“São medidas truculentas, chegaram ao ponto de queimar máquinas, caminhões, porque estão cortando ilegalmente, então acham que estas medidas inibem o corte. Todos nós somos a favor de cuidar do meio ambiente, e o nosso povo deveria ser orientado a partir de medidas pedagógicas que eduquem o nosso povo. Às vezes, parte-se para o extremo, gerando todo este espírito de vingança, muita raiva e muito ódio. Quando o Estado não faz ‘ o dever de casa’ é isto que acontece. Então nós chamamos o Estado para a responsabilidade, mas sabemos que o Estado também cede a pressões econômicas, então o agronegócio, o ‘grande negócio’ está muitas vezes acima das vontades políticas e decisões de nossos governantes. Outro elemento é a área ‘de compensação’. Por exemplo, um agricultor, um fazendeiro que mora em outro município e desmatou tudo, tem por lei a obrigação de uma reserva, pode compensar com uma outra reserva em outra região. E é reserva é a mais odiosa, porque os pequenos de nossa região são os atingidos. Pelo que se sabe, o governo nem está vendendo para os grandes fazendeiros, mas ele está praticamente doando, dando de graça. Isto deixa a nossa região muito estável, muito insegura e com medo. É ali no meio que nós, como Igreja, procuramos segurar as pontas. Nossa região deve ser emancipada de forma pacífica e democrática, mas confesso que não está sendo fácil segurar esta barra nesta altura da história do Mato Grosso”.

“Infelizmente, este grande ‘projetão’ do neoliberalismo vem com esta força e com este fascínio. É muito comum ver entre os índios que participam na vida da cidade e se envolvem com tudo aquilo que se oferece, e ao mesmo tempo, percebemos que eles estão perdendo a sua cultura, a sua própria linguagem, seus costumes e suas tradições. Aos poucos, ficam descaracterizados em sua identidade cultural. E ali, nós perdemos um patrimônio como brasileiros e como Humanidade, porque eles são os mestres, os cuidadores da natureza”. 

Para ouvir a reportagem, clique abaixo.

(CM)

 








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