Etiópia: seca ameaça 10,2 mi de pessoas, afirmam bispos


Adis Abeba (RV) - Mais de 10,2 milhões de pessoas estão ameaçadas pela fome devido à grave seca que a atinge a Etiópia, alertaram os bispos ao final da 38ª Assembleia da Conferência Episcopal local. No documento, eles fazem um apelo para que órgão católicos, ONGs e “pessoas de boa vontade” se unam para enfrentar a situação emergencial e para ajudar as pessoas expostas a esse risco. “A seca – pontuaram os bispos – está tendo graves consequências sobre a vida da população.”

Mudanças climáticas

Os prelados também reforçaram que a seca “é uma consequência direta das mudanças climáticas e da degradação ambiental”, e criou “uma situação de emergência nunca antes presenciada no país”.

Os bispos aproveitaram para citar a encíclica do Papa Francisco “Laudato si”, sobre o cuidado da casa comum. “Muitos pobres vivem em lugares particularmente afetados por fenômenos relacionados com o aquecimento, e os seus meios de subsistência dependem fortemente das reservas naturais e dos chamados serviços do ecossistema como a agricultura, a pesca e os recursos florestais” (n.25).

Segundo eles, são precisos US$ 1,4 bilhão para responder à atual crise humanitária.

Além disso, o documento elaborado pelos prelados destaca os esforços que têm sido realizados pelas organizações governamentais e humanitárias “comprometidos à salvar a vida da população que vive em áreas afetadas pela seca”. Os bispos também se comprometeram a “fazer sua parte na tentativa de que projetos cheguem às comunidades mais vulneráveis”, inclusive pelo recente apelo lançado pela Caritas Internacional para levantar recursos destinados à Etiópia.

Famílias em risco

As famílias são outra preocupação ressaltada pelos bispos. Os prelados afirmaram que a seca tem obrigado famílias a migrarem para outras regiões, provocando “uma grande incerteza sobre o seus futuros e de seus filhos”.

O documento ainda faz um apelo a todos os envolvidos – igreja, governo e instituições privadas – para ”preencher as lacunas dessa emergência humanitária, fornecendo à população não só alimentos, mas também cuidados médicos, controle de doenças e ainda a capacidade de criação animal”.

Ajuda financeira

A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre foi uma das primeiras a responder ao apelo dos bispos etíopes. A entidade contribui com 460 mil euros em favor de 13 Dioceses da Etiópia. A doação deve ajudar 1.415 famílias ao longo deste ano.

Segundo o vice-secretário geral da Conferência Episcopal da Etiópia, o padre Haile Gabriel Meleku, a situação da região tem piorado rapidamente. “Hoje são dois milhões de pessoas a mais em risco do que apenas um mês atrás. E o número pode ser muito maior do que pensamos”, destacou.

Meleku lembrou ainda que a crise gera consequências mais graves à região, como conflitos entre a população devido à migração. "A catástrofe é sentida em todos os lugares. A Igreja também sofre os efeitos dramáticos porque muitos fiéis já não têm a força para participar das celebrações”, afirmou. (PS)








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