CIMI condena assassinato de Kaingang de 2 anos em Santa Catarina


Imbituba (RV) – O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Regional Sul, manifestou, através de um comunicado, sua indignação pelo “cruel assassinato de Vítor Pinto, criança Kaingang de dois anos de idade”, ocorrido na quarta-feira, 31, em frente à Rodoviária de Imbituba, município catarinense distante 90 km de Florianópolis.

“Vitor estava sendo amamentado pela mãe, Sônia da Silva, quando um homem se aproximou, acariciou seu rosto e, com um estilete, o degolou – conta o comunicado. Enquanto a mãe e o pai Arcelino Pinto desesperados tentavam socorrer a criança, o assassino seguiu caminhando pela rodoviária até desaparecer”.

A família de Vítor é originária da Aldeia Kondá, localizada no município de Chapecó, Oeste catarinense. Vítor estava na rodoviária com os pais e outros dois irmãos, um de seis e outro de 12 anos. É comum famílias de Kaigangues escolherem rodoviárias para comercializar seus artesanatos, quando se deslocam de uma cidade para outra.

“Trata-se de um crime brutal, um ato covarde – diz a nota -  praticado contra uma criança indefesa, que denota a desumanidade e o ódio contra outro ser humano. Um tipo de crime que se sustenta no desejo de banir e exterminar os povos indígenas”.

A Polícia local prendeu minutos após, em um bairro pobre, um presidiário que se beneficiou do indulto de Natal e Ano Novo, como suposto assassino. Na delegacia, no entanto, o acusado não foi reconhecido pelos pais da criança e outra testemunha. A Polícia trabalha com a hipótese de preconceito relacionado a ações de grupos neonazistas ou de outras correntes segregacionistas.

O Conselho Indigenista Missionário, no mesmo comunicado, manifesta preocupação com o clima de intolerância existente na região sul do país contra os povos indígenas. “Um racismo –às vezes velado, às vezes explícito –é difundido através de meios de comunicação de massa e em redes sociais”, denunciam. “Ocorrem, com certa frequência, manifestações públicas de parlamentares ligados ao latifúndio e ao agronegócio contrários aos direitos dos povos indígenas e que incitam a população contra estes povos.  Em todo o país registram-se casos de violência e de intolerância contra indígenas e quilombolas, manifestadas concretamente nas perseguições, nas práticas de discriminação, na expulsão e no assassinato de indígenas”.

O CIMI denuncia ainda que nestes últimos dias pelo menos cinco indígenas foram assassinados no Maranhão, Tocantins, Paraná e Santa Catarina. (JE/CIMI)








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