Valença poderá ter primeiro centro interreligioso da Europa. Mas existem entraves


Valença (RV) –  O Arcebispo de Valência quer ressuscitar o antigo projeto do Centro Ecumênico de Oliva, mas não nos mesmos moldes. A bem da verdade, o local seria sim, um “centro interconfessional”, reunindo muçulmanos, budistas, cristãos ou judeus, nos terrenos do Setor 2 de Oliva Nova.

No local, ainda permanecem algumas colunas, o concreto e ferro do que serviriam de base para o templo ecumênico “El Salvador”, que reuniria as diversas confissões cristãs. Porém a obra nunca foi concluída. O local atualmente está abandonado.

Primeiro espaço na Europa com estas características

O Cardeal Arcebispo Antonio Cañizares anunciou na terça-feira, 29,  que a instituição religiosa está trabalhando para retomar a iniciativa neste mesmo espaço e "em breve se terá notícias de sua retomada". Não foram fixados prazos, nem datas, mas apenas assegurado que será o primeiro espaço na Europa com estas características. O purpurado pronunciou-se durante uma coletiva de imprensa por ocasião do Encontro Europeu de Jovens da Comunidade de Taizé, que reúne em Valença, desde 1º de janeiro, mais de 15 mil jovens.

Religiões unem e não separam

Fontes do Arcebispado explicaram que o novo centro teria os moldes de um “instituto de estudos religiosos”, para demonstrar que as religiões “unem e não separam. O projeto, ademais, teria a participação da Universidade Católica de Valença.

As mesmas fontes admitem que mesmo tratando-se de uma intenção, já se está trabalhando no projeto. “É um sinal de como Valença aposta decididamente no que o Concílio Vaticano II nos disse, ou seja, o encontro e a valorização das religiões e das diferentes confissões cristãs”, explicou Dom Cañizares.

Entraves legais

O anúncio do purpurado, no entanto, deixou perplexo o Prefeito da cidade, David González, visto que o Conselho Municipal, assim como o proprietário dos terrenos, não tomaram nenhuma decisão final. “Que o Arcebispo dê estas declarações sem que a Prefeitura tenha se pronunciado é uma imprudência”, afirmou.

O nacionalista González admitiu que foi visitado por um representante do Arcebispado, ocasião em que lhe foi manifestada a intenção de se retomar o projeto. O Prefeito insistiu que antes de se dar algum passo concreto nesta direcção, deveriam ser realizadas algumas consultas também aos cidadãos.

Precedentes dos terrenos e da obra

O Conselho Municipal de Oliva havia cedido gratuitamente ao Arcebispado de Valença, em 1998, terrenos com 26 mil m² com a finalidade de acolher um centro de peregrinos e convivência de diferentes confissões cristãs e tornar-se assim um ponto turístico.

A Generalitat Valenciana participou do projeto e financiou a construção de fundações e a construção da base da estrutura, com um aporte de 4,2 milhões de euros. A obras iniciais foram concluídas em 2003 e mais tarde abandonadas, porque o programa urbanístico não foi executado.

Em dezembro de 2005, o Conselho concordou em iniciar o expediente de reversão do solar onde seria construído o Centro Ecumênico para o Patrimônio Municipal, pelo descumprimento do prazo de execução da obra e a “falta de garantias” para seu financiamento.

Recurso negado

A Generalitat e  o Arcebispado recorreram da decisão, porém o Supremo Tribunal de Justiça, num acórdão de fevereiro de 2008, deu razão ao Conselho Municipal, rejeitando a ação. (JE)








All the contents on this site are copyrighted ©.