Dom Warduni: será necessário "um milagre" para libertar Mosul


Iraque (RV) – Após Ramadi, a bandeira iraquiana voltará a tremular também em Mosul. Esta certeza foi expressa pelo Primeiro Ministro iraquiano al Abadi em um tweet, após a conquista da capital de Al Anbar, por sete meses nas mãos dos jihadistas do Estado Islâmico.

Mais de 80% da cidade ficou destruída e agora começa a caça aos colaboradores e  apoiadores do EI. Autoridades locais estimam que serão necessários ainda “dois meses” para pacificar e tornar segura a cidade que, em algumas zonas, ainda está nas mãos dos jihadistas. Resta porém agora, aquela que poderá ser a batalha mais dura, ou seja, a retomada de Mosul, último bastião dos homens de Abu Bakr al-Baghdadi no Iraque, e “capital do Estado Islâmico”. Autoridades iraquianas, apoiadas pela coalizão internacional, preparam a retomada da cidade, que deverá ser longa.

O ano de 2016 será “o ano da vitória final” contra o EI, havia dito al Abadi, auspício compartilhado pelo Bispo Auxiliar dos Caldeus, Dom Shlemon Warduni, que falou aos microfones da Rádio Vaticano:

“Nós pedimos com grande esperança que o ano de 2016 seja um ano de paz e não de guerra. E, certamente, que esta paz seja feita para o bem dos iraquianos, mas não somente para eles, também para os estrangeiros, que quero definir pelo menos como “tolos”, que deixaram seus países e vieram aqui para matar pessoas. Nós rezamos para que o ano de 2016 seja um ano de paz, para que os cristãos iraquianos voltem às suas casas, aos seus povoados, e não somente os cristãos, mas todos aqueles que foram expulsos de suas cidades, de suas casas: que voltem em paz aos seus povoados”.

RV: Um passo importante, necessário a ser dado, é a libertação de Mosul, da Planície do Nínive. Lá a situação parece ser muito mais dramática e mais difícil do que em Ramadi....

“Certamente, é mais difícil. É a segunda Província no Iraque, a de Mosul. Porém, pensemos um pouco na velocidade com que foi tomada pelo Estado Islâmico! Em poucas horas, pois havia tantos traidores! De outra forma, como é possível que um exército bem armado que enfrenta poucas pessoas, mil, talvez duas mil, seja derrotado em tão poucas horas? Se aquela cidade foi tomada rapidamente, também é verdade que agora será muito difícil reconquistá-la. Diria mesmo que será necessário um milagre ou uma grande força que venha em auxílio por parte de outras nações, da Europa ou da América, e não somente. Porém, não obstante isto, o nosso exército, junto àqueles que combatem com eles, deu um grande passo, conquistou uma grande vitória e esperemos que continue, pois todos sabem, e não sou eu a dizê-lo, que após a “libertação” será necessário um certo tempo até que acabe tudo. Todos estamos contentes que isto ocorra, também porque a pobre gente de Ramadi, Falluja e de outros lugares está dispersa aqui e acolá, nos campos de refugiados, em uma situação terrível! Há duas semanas fui visitar um campo com membros da Caritas. Dá vontade de chorar, só de olhar. Não se pode falar de outra forma, é uma coisa terrível, porque a guerra é do diabo, aqueles que querem a guerra são diabólicos, não têm consciência, não têm intelecto, não têm espírito!”.

RV: Existe o temor de que em Ramadi possam ocorrer atos de vingança contra pessoas que possam ter colaborado com o Daesh….

“Certo, este é um grande problema. Esperemos que o governo  envie pessoas realmente sábias. Outro problema é que Ramadi foi quase destruída e também para apoiar as pessoas que perderam a casa, que perderam tudo, é necessária uma sabedoria fundada certamente em deus. Eu digo a todo o mundo: caras pessoas que vivem nesta terra, pensem bem na paz, em semear o amor entre todos os homens, aquele amor que Deus teve por nós”. (JE)








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