Natal: misericórdia de Deus resplandecida no Menino Jesus


Cidade do Vaticano (RV) - Durante as quatro semanas do Advento, a Igreja nos proporcionou um tempo de profunda reflexão à espera do Natal. Sem sombra de dúvidas, essa data, comemorada pelos cristãos de todo o mundo, celebra o maior acontecimento da história da humanidade: o nascimento de Jesus Cristo.

Celebrar o Natal do Menino Jesus é festejar o ato do verbo divino que se fez carne; quando a divindade se uniu à humanidade, ferida pelo pecado original. Nesse mistério de reencarnação do amor, Deus se fez pequeno, humilde e pobre para transformar o mundo através da caridade e da misericórdia.

Dom da misericórdia

Poder adentrar nesse grandioso mistério juntamente com o Ano da Misericórdia, convocado este ano pelo Papa Francisco, é penetrar “no dom da misericórdia de Deus”. Pelo menos foi assim que recentemente o arcebispo de Mumbai (ex-Bombaim), Cardeal Oswald Gracias, classificou a festa natalina do Senhor. O prelado ressaltou que a misericórdia é o significado mais profundo do amor, além de ser a sua efusão contínua.

Nesse sentido, em suas homilias, em seus discursos e orações, o Papa Francisco tem convidado insistentemente os fiéis a viver um Natal com a necessidade de reconhecer nos outros o próprio rosto do Filho de Deus; “sobretudo quando é o rosto do pobre, porque Deus entrou no mundo pobre e para os pobres”. Portanto, Cristo é aquele que nasce desprendido de tudo e se entrega no calvário também desprendido de tudo.

Virgem Maria, a Mãe do Redentor

Evidentemente que o Natal do Menino Jesus não acontece sem a presença da Virgem Maria, a mãe da Igreja. Na Exortação Apostólica Evangelli Gaudium (Evangelho da alegria), Francisco reforça que “Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura”.

É por meio dessa misericórdia Divina que Deus escolhe Maria para ser a Mãe do Redentor do homem, o primeiro sacrário de Jesus na terra. O Papa Francisco frisa, na Bula Misericordiae Vultus (Rosto da Misericórdia), que Maria, preparada desde sempre pelo amor do Pai, “guardou, no seu coração, a misericórdia divina em perfeita sintonia com o seu Filho Jesus”.

Celebração litúrgica e a Sagrada Família

Assim, a Festa do Natal se torna o mais belo convite para que possamos experimentar o seu amor, que consola, perdoa e dá esperança à salvação eterna. Em virtude desse ato de misericórdia do Pai, a Igreja nos abre à celebração eucarística, que vai muito além da simples troca de presentes ou da exposição de enfeites natalinos.

A Missa do Galo, como a conhecemos, é a celebração litúrgica em que a Igreja se faz presente nesse mistério da vinda de Cristo, revelando-nos o amor e a misericórdia Divina. Fixada pela Igreja ainda no século quatro, a Festa do Natal do Menino Jesus consequentemente se torna também a celebração da família, pois, por meio de seu nascimento, a Sagrada Família é manifestada através da caridade, num ato de humildade e de ternura. Portanto, somos convidados a reconhecer a grandeza de Cristo nas coisas pequenas.

Por isso, a Igreja convida à partilha do Natal. Nesse sentido, também definiram os bispos argentinos em sua mensagem para o Natal deste ano: “O Natal é Jesus. Sem Ele, esta festa não tem sentido” e, portanto, devemos “partilhar com os nossos irmãos e irmãs cristãos, e com todos os homens e mulheres de boa vontade, a alegria do nascimento de Jesus”.

Data histórica

Apesar de celebrarmos o Natal de Jesus no dia 25 de dezembro, é improvável que essa seja realmente a data de seu nascimento. Na verdade, os historiadores não têm certeza desse fato, embora alguns defendam se tratar de uma data histórica.

Documentos históricos apontam que o seu surgimento da celebração no dia 25 teria relação com a festa pagã “Sol Invictus”, comemorada à época por pagãos com objetivo de adorar o deus do Sol, já que no dia 22 de dezembro ocorre o solstício de inverno no hemisfério Norte, ou seja, fenômeno que marca o início do inverno.

Antes da data do Natal ser oficializada pela Igreja, nos três primeiros séculos, houve grandes perseguições aos cristãos. Sendo assim, graças ao trabalho de evangelização e dos primeiros mártires da Santa Igreja, a conversão do imperador Constantino no ano de 313 permitiu o fim da perseguição ao cristianismo.

Acredita-se que o próprio Constantino tenha fixado a data 25 de dezembro para celebrar o Natal de Cristo. Sendo Jesus “a luz do mundo” (João 9, 5), considerou-se oportuno cristianizar a data da festa pagã. Oficialmente, no entanto, a declaração ocorreu por meio do Papa Júlio I, no ano de 350.

Convite ao amor e à misericórdia do Pai

Independente da data histórica, a Igreja nos convida a vivenciar intensamente o Natal. Com muita sabedoria, o Papa Francisco nos recorda que Deus “se fez pequeno, uma criança, para nos atrair com seu amor, para tocar nossos corações com sua humilde bondade; para contagiar com sua pobreza, aqueles que buscam acumular um falso tesouro deste mundo”.

O Natal é tempo de compreender o amor e a misericórdia do Pai e, dessa forma, a Igreja nos introduz a vivenciar profundamente esse Mistério Santo da Misericórdia de Deus, de forma espontânea e totalmente livre.

Como pede Francisco, que o Natal  seja a abertura para acolher o Filho que revela “que Deus não é só Justiça, mas é também e antes de tudo Amor”. Ou seja, a festa da misericórdia e do amor de Cristo que brota em nosso coração. (PS)








All the contents on this site are copyrighted ©.