Dom Gallagher: solução negociada e apoio da comunidade internacional às minorias perseguidas


Cidade do Vaticano (RV) - Conclui-se neste sábado, na Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma, o Simpósio intitulado "Sob a espada de César: a resposta cristã às perseguições", iniciativa nascida de um projeto de colaboração entre duas instituições universitárias internacionais, empenhadas em analisar as violações da liberdade religiosa no mundo. Um dos objetivos do encontro é descobrir formas que possam ajudar os cristão perseguidos, especialmente no Oriente Médio, a não sentirem-se abandonados pela Igreja e pela comunidade internacional em sua dor.

O Secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé, Arcebispo Paul Richard Gallagher, participou da sessão inaugural do encontro na quinta-feira e no dia seguinte, da Conferência sobre o Mediterrâneo, realizada em Roma. Eis o que declarou aos microfones da Rádio Vaticano sobre a situação vivida pelos cristãos:

"Esta situação dos cristão é terrível, evidentemente! Porém é terrível também a situação de tantas outras populações do Oriente Médio. Os cristãos participam, em modo particular, do sofrimento destas populações neste mundo que está sujeito a conflitos, a bombardeios, a perseguições. Uma situação que exige a nossa solidariedade e exige também uma ação política por parte da Comunidade internacional para procurar remediar. É necessário trabalhar neste sentido, procurando levar soluções políticas para a Síria, para o Oriente Médio e que também permitam ajudar aqueles países - como o Líbano e a Jordânia - que sentem o peso tremendo dos refugiados neste momento".

RV: Mas levar a ajuda dos cristãos, não quer dizer recorrer a intervenções armadas....

"Evidentemente a Santa Sé promove o diálogo, promove uma solução diplomática e política. Acreditamos que devemos tentar fazer todo o possível neste sentido".

RV: A atual situação na Líbia, onde muitos cristãos fugiram, também preocupa e foi um dos temas tratados na Conferência sobre o Mediterrâneo (Med 2015) realizada em Roma:

"Certamente, a situação na Líbia nos preocupa e não somente porque está muito próxima à Europa, mas também porque - como sempre - a Santa Sé, e o Santo Padre, em particular, se preocupa com a população Líbia e por seu sofrimento. A situação dos cristãos é desastrosa, após a caída de Kadafi. Sabemos que a Igreja na Líbia girava em torno das comunidades das religiosas e evidentemente com a partida delas, a nossa comunidade perdeu todos os seus pontos de referência. A vida deles está muito ameaçada".

A Rádio Vaticano também conversou com o Patriarca de Babilônia dos Caldeus, Louis Raphael I Sako, que falou sobre um dos países onde os cristãos são mais perseguidos devido à presença das milícias jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico: o Iraque:

"É uma situação muito ruim, muito crítica. Sempre existe a violência, um pouco por tudo, existe a anarquia, não existe uma autoridade, não tem ordem; o governo é fraco. O país está quase dividido geograficamente. E onde não existe unidade, qual é o futuro? Estes grupos terroristas destroem tudo, a pedra e a vida, toda a cultura. Aquilo que não está de acordo com a visão deles, acabou! Não existe uma ação séria para derrotar esta ideologia. Mesmo bombardear estes jihadistas não basta! Não é uma solução! É necessária uma ação internacional para expulsar o EI. Depois, talvez, poderemos derrotar a ideologia... Isto é responsabilidade dos países muçulmanos, com novos programas de educação religiosa, com uma maior abertura e com uma nova cultura. Isto é um pouco difícil.....".

RV: Sua Beatitude, o senhor delineou em seu pronunciamento pontos urgentes a serem adotados pelo seu país. Quais seriam?

"Se existe um futuro para todos - para os cristãos e para os muçulmanos - é o da cidadania. Portanto, a separação da religião do Estado, porque a religião é uma coisa pessoal e a política é caracterizada, pelo contrário, por interesses, e estes mudam... Se existe um futuro para todos é o de um regime civil. Mas penso que isto seja muito difícil, porque não existe vontade".

RV: Na sua opinião, que papel poderia ter as Nações Unidas?

"Deveriam ser mais sérios e mais fortes e deveriam impelir estes países a respeitarem os direitos do homem". (JE)








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