Curdistão iraquiano ganha Universidade e Porta Santa


Irbil (RV) – Uma Universidade Católica e uma Porta Santa para milhares de refugiados no Curdistão. Estes foram os dois presentes que o Secretário da Conferência Episcopal Italiana, Dom Nunzio Galantino, levou aos refugiados iraquianos, obrigados a abandonar suas casas às pressas na Planície de Nínive devido à violência dos jihadistas. Mais de dois milhões de euros provenientes do 8 por mil (imposto pago pelos italianos) contribuíram  para a construção da Universidade de Irbil, cujos primeiros cursos a serem oferecidos serão Economia, Línguas e Informática.

Já no pequeno povoado de Enishke, na fronteira com a Turquia, Dom Galantino, acompanhado pelo Pároco Padre Samir Yousif e por membros da comunidade yazidi, abriu a Porta Santa, dando início a um caminho jubilar numa região marcada pelo sofrimento. “São importantes sinais de esperança”, afirmou o sacerdote, ao ser entrevistado por telefone pela Rádio Vaticano:

“Começar esta Universidade foi um sinal de esperança. A abertura, depois, foi uma alegria, uma festa. Antes de tudo, por fazer trabalhar juntos cristãos e não-cristãos, e depois, por fazê-los estudar no mesmo espaço de convivência, a nível cultural. E para nós, isto é algo grandioso”.

RV: Ou seja, diálogo cultural mas também um futuro com dignidade, pois estes jovens viram seu futuro ser apagado...

“Sim, realmente. Porque as universidades no Curdistão estavam todas lotadas. Existem três milhões de refugiados aqui no Curdistão. Temos escolas que trabalham em quatro turnos. Muitos diziam que era inútil estudar, pois não existiam universidades suficientes para ajudá-los a concluir seus estudos. Não havia lugar. Assim, abrir esta universidade tem o significado de dar-lhes um futuro”.

RV: O senhor que conversou com estes jovens iraquianos, cristãos ou não. Eles têm o desejo de seguir em frente ou têm medo daquilo que está acontecendo?

“Não obstante as dificuldades, as situações difíceis, existe este desejo de seguir em frente, de estudar. Hoje o mundo está vivendo um momento difícil, um momento de medo. Então não devemos parar, a vida continua. E esta é a Porta da Misericórdia: abrir o coração à esperança, seguir em frente. A cruz é pesada, mas se nós a levarmos com fé, com esperança, a cruz pode ser carregada, de outra forma nos mata. Esta manhã, enquanto saía de casa, olhava estas crianças yazidis indo para a escola – a Igreja encontrou um modo de conseguir isto – não obstante vivam em casas habitadas por cinco ou seis famílias. Isto é um sinal de vida”.

RV: Por que vocês quiseram esta Porta Santa e o que representa para vocês iniciar o Jubileu?

“A Porta, como disse o Papa Francisco, é um símbolo. Poderia ser o coração, poderia ser palavra, vida, o nosso passado. Abrir esta Porta quer dizer abrir um caminho novo. Enishke é um povoado como Belém no tempo em que Jesus nasceu. Abrir esta Porta significa dizer que Jesus continua a entrar em nossas vidas, nas nossas regiões, nas nossas Igrejas, nas nossas paróquias, não somente onde existe sempre a luz, mas também onde existem zonas esquecidas”.

RV: O Papa também disse que este será um ano em que se deve crescer na convicção da misericórdia. Para os iraquianos do Curdistão, o ser misericordiosos neste momento é uma prova dura, difícil. O que significa?

“Sim, realmente, existem pessoas que são perseguidas, violentadas, famílias que viram matar os seus filhos. Misericórdia quer dizer não fazer como os outros. Não é que nós esquecemos aquilo que nos fizeram, não é que nós podemos falar com eles sem problemas, mas não experimentamos ódio dentro de nós. Podemos perdoar, no sentido de abrir uma página nova. Rezamos por eles. Hoje existem muçulmanos sunitas aqui entre os refugiados que me disseram: “padre, nós nos envergonhamos, porque expulsaram vocês de vossas casas; nós fizemos o mal para vocês – não eles, mas a sua gente – e vocês, pelo contrário, nos acolheram, nos ajudam. Nós agora entendemos o que quer dizer o amor do Evangelho”. (JE)








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