COP21 e educação ambiental: "Ver em cada ser a presença divina"


Paris (RV) – Décimo dia de trabalhos na Conferência mundial sobre o Clima, COP21, em Paris. Aumenta a expectativa de que os Estados participantes assinem um Acordo global vinculante, cuja atuação seja verificada ao longo do tempo. Mas nós, famílias, como podemos acompanhar as decisões da conferência, em nosso dia a dia?

A educação na responsabilidade ambiental tem aumentado e pode incentivar comportamentos que têm incidência direta e importante no cuidado do meio ambiente. O capítulo 6 da encíclica Laudato si aponta atitudes como “evitar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo que razoavelmente se poderá comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes desnecessárias… Tudo isto faz parte de uma criatividade generosa e dignificante, que põe a descoberto o melhor do ser humano. Voltar a utilizar algo em vez de o desperdiçar rapidamente pode ser um ato de amor que exprime a nossa dignidade”.

Como escreve o Papa, “a educação ambiental, no começo, estava muito centrada na informação científica e na consciencialização e prevenção dos riscos ambientais; e agora tende a incluir uma crítica dos «mitos» da modernidade (...) e a recuperar os diferentes níveis de equilíbrio ecológico: o interior consigo mesmo, o solidário com os outros, o natural com todos os seres vivos, o espiritual com Deus. A educação ambiental deve nos predispor para dar este salto para o Mistério, do qual uma ética ecológica recebe o seu sentido mais profundo”.

Participando da conferência de Paris como assessor nacional do Fórum de Mudanças Climáticas (ligado à CNBB) e membro da Repam, o cientista social e educador popular Ivo Poletto defende que convivendo com a natureza, devemos “priorizar a cultura espiritual e mística de integração e respeito, vendo a presença divina de cada ser, amando-o e respeitando-o”.

“Creio que o ponto principal é que nós devemos recuperar nossa cultura originária. Cultura originária que é diferente da cultura do consumismo, da cultura do descarte, de que nos fala o Papa Francisco. Nossa cultura originária nos diz que somos parte da natureza, somos parte da Terra. 

A Amazônia é, então, uma oportunidade para nós em nossos países para perceber que ainda é possível fazer um tipo diferente de economia, fazer um tipo diferente de convivência com a natureza. Porque nós já destruímos vários biomas da natureza (No Brasil, por exemplo, quase destruímos a mata atlântica; estamos destruindo nossa montanha). Temos de assumir que a Amazônia é importante para o equilíbrio hídrico e reduzir o efeito de estufa na atmosfera.
 
Mas, por outro lado, podemos trabalhar também na dimensão à qual nos chama o Papa Francisco: Buscar nas raízes da nossa fé e nas raízes de nossas culturas motivações originais, motivações, mística, força, interior de mudar nossos modos e estilos de vida. Trabalhar para viver de forma mais simples, utilizando menos recursos que a natureza nos oferece.

Por outro lado, aprender a viver com a natureza, para ter um relacionamento com todos os seres vivos e com os seres que não estão vivos. Temos de gerar uma mística de integração. Ver a presença de Deus em todos os seres, respeitar e amar toda a criação. Fazer o contrário deve ser visto como pecado. "Temos de começar com a consciência da necessidade da Amazônia para toda a humanidade. Seria uma tragédia para o mundo inteiro se bioma da Amazônia desaparecesse. E nós sabemos que existem grandes atividades econômicas estão afetando a vida das florestas amazônicas. Projetos usam dezenas de milhares de hectares da Amazônia para plantar, por exemplo, óleo de palma, cana de açúcar, grãos para exportação, a soja ou criação de gado. Estes projetos empresariais estão fazendo desaparecer florestas e todo tipo de vida que temos lá”.

(CM)








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