Kasper: Jubileu da Misericórdia por uma Igreja de portas abertas


Cidade do Vaticano (RV) - “É um grave escândalo que hoje a Igreja seja considerada por muitos como não misericordiosa”. Foi o que afirmou o Cardeal Walter Kasper, Presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, na véspera da abertura do Ano Santo da Misericórdia que tem início neste dia 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição. Em 2013, o purpurado publicara o livro “Misericórdia: o conceito fundamental do Evangelho - Chave da vida cristã’ que o Papa citou no seu primeiro Angelus. Sobre os motivos deste Jubileu, ouvimos o Cardeal Kasper:

R. - Eu acho que o Papa Francisco tenha considerado a situação actual, e no mundo de hoje temos realmente necessidade da misericórdia, de um novo impulso, de um novo início: não podemos continuar como temos feito até agora, devemos perdoar uns aos outros e acima de tudo nós precisamos do perdão de Deus e da misericórdia de Deus. Todos nós somos pecadores, mas devemos recomeçar tudo de novo, e eu acho que a iniciativa do Papa de anunciar este Ano Santo da Misericórdia seja verdadeiramente um ato profético, que corresponde às necessidades do nosso tempo.

P. - Na Bula de convocação, o Papa afirma que a Igreja perdeu muita credibilidade porque não soube praticar a misericórdia ...

R. - Temos falado muitas vezes de um Deus que pune ou de um Deus que ameaça, de um Deus da vingança. Tudo isso está no Antigo Testamento, mas não existe em Jesus; e nós devemos partir de Jesus que é o rosto de Deus, o rosto de um Deus misericordioso, e por isso temos de falar de novo de um Deus que acolhe, de um Deus que escuta, de um Deus que vê a miséria do homem, que nos acompanha. E eu acho que este Deus possa ser uma atração nova para o homem hoje.

P. - Poderíamos dizer que sem misericórdia não há futuro?

R. - Sem misericórdia permanecemos sempre no círculo vicioso da vingança, das injustiças. Em vez disso, devemos dizer “chega”, começar de novo, juntos: temos um futuro só se estivermos unidos, nós não teremos um futuro se houver um contra o outro. Portanto, a misericórdia é também a força que nos leva em direção ao futuro e ao mesmo tempo é um dom de Deus, porque é preciso uma certa “nobreza” para aplicar a misericórdia: este é um dom de Deus, um dom para o futuro do mundo de hoje. (SP)








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