Bispos mauricianos: sistema econômico olhe para a solidariedade


Port Louis (RV) - Conjugar a misericórdia com o lucro parece impossível, mas não é: essa é a reflexão publicada no página web da Arquidiocese de Port Louis, capital da República de Maurício (país insular do oceano índico), em vista da abertura oficial, dia 8 de dezembro, do Jubileu extraordinário da Misericórdia.

“Esses dois termos – lê-se – parecem se contradizer e anular-se reciprocamente”, e a pergunta de fundo parece ser: “Um homem de negócios pode praticar a misericórdia e, ao mesmo tempo, fazer de modo que sua empresa seja lucrativa?”

A sociedade atual não dá peso aos objetivos éticos da misericórdia

Para responder a essa interrogação, a Igreja católica no país insular ressalta que atualmente “a lógica econômica e financeira predominante dá sempre mais importância à maximização do lucro porque as empresas devem satisfazer os direitos de seus funcionários; os investidores buscam um retorno de seus investimentos; e os consumidores querem uma relação qualidade/preço vantajosa”.

E assim, “numa sociedade em que os valores se tornaram relativos e os direitos mais importantes do que os deveres, os objetivos éticos da misericórdia não têm peso”.

Construir modelo econômico em nome da solidariedade humana

Daí, o chamado dos bispos ao que escreve o Papa Francisco na Exortação apostólica “Evangelii gaudium”, ou seja, “o dinheiro deve servir e não governar” (n. 85), conscientes de que a “Doutrina social da Igreja não é contrária aos negócios, mas a favor do homem”.

E enquanto “em prol do humano”, ela pode “promover e tornar lucrativas aquelas empresas que assumem plenamente o seu papel social”. De tal modo, conclui a Igreja em Port Louis, “a misericórdia não se limitará a pedir perdão pelo mal cometido ou a fazer a caridade para com os pobres que o próprio sistema econômico produz”, mas a misericórdia “se tornará inspiradora de um modelo econômico em nome da solidariedade humana”. (RL)








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