Dom Forte: a estrada é caminhar em profunda comunhão com o Papa Francisco


Cidade do Vaticano (RV) - Esta segunda-feira, dia 19, entramos na terceira e última semana da XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, cujos trabalhos são norteados pelo tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Entrando na reta final deste grande evento eclesial, a Rádio Vaticano ouviu o secretário especial do Sínodo, Dom Bruno Forte, que, entre outros, nos fala sobre o clima que tem caracterizado, estas semanas, os trabalhos sinodais:

Dom Bruno Forte:- “Meu parecer é de um clima de grande envolvimento de todos os Padres sinodais. O Papa Francisco pediu que se falasse de tudo com extrema liberdade. Precisou no início do Sínodo extraordinário: “Não há nada de que não se possa falar”. E isso está sendo feito e creio que seja muito construtivo, porque mostra uma Igreja viva, corresponsável e partícipe. Traduzir essa participação e esse envolvimento num espírito de complô ou de divisões, parece-me ser algo forçado de quem olha as coisas somente de fora, sem vivê-las internamente. Não nos esqueçamos que somos todos homens de fé, que têm responsabilidade diante de Deus e diante dos irmãos. E isso nos une mais fortemente do que todas as possíveis e hipotéticas contraposições que gostariam de atribuir-nos.”

RV: A doutrina católica sobre o matrimônio, sobre a família, não está em discussão, reiterou o Papa nos primeiros dias de trabalhos sinodais. Quais propostas podem emergir do Sínodo?

Dom Bruno Forte:- “Além de propor o valor e a beleza da família, articulando seu significado de modo especial em resposta às exigências e aos desafios do nosso tempo, creio que um caminho pastoral muito concreto seja o que se articula, em primeiro lugar, no estilo do acompanhamento, que significa acolhimento de todos, companhia da vida e da fé. Portanto, proximidade, escuta, partilha. Em seguida, empenho de integração para todos, a fim de que os carismas e os ministérios de cada um sejam valorizados. E é na ótica desse caminho de acompanhamento e de integração que deve ser avaliada também a diferente forma e intensidade de participação de todos os batizados – especialmente daqueles que vêm de famílias feridas – também na vida sacramental da Igreja.”

RV: Foi ressaltado nos Círculos menores que uma Igreja que deve ser mestra, deve também ser mãe. E aí se vê, inclusive, a ligação com o próximo Jubileu da Misericórdia...

Dom Bruno Forte:- “A misericórdia é o coração do Evangelho: uma Igreja que não fosse especialista em misericórdia, que não a vivesse e a anunciasse a todos, sem distinções, não seria fiel nem mesmo ao Evangelho. Quem quiser contrapor verdade e misericórdia esquece que a verdade do Deus cristão é o amor do Deus Trino: portanto, a misericórdia como centro, coração, ponto de início e de orientação de tudo aquilo que vivemos. O Papa Francisco recordou-nos isso na Bula ‘Misericordiae Vultus’. Esse Sínodo está procurando entender como este primado da misericórdia pode ser aplicado em todas as formas de vida pastoral em relação à família e, em particular, às famílias feridas.”

RV: Trata-se de um Sínodo que é para os pastores presentes também uma ocasião de escuta das famílias?

Dom Bruno Forte:- “Também famílias estão presentes no Sínodo: parece-me que são dezoito famílias convidadas... Mas, para além disso, não nos esqueçamos que cada um de nós, pastor na própria diocese, está em conato com milhares e milhares de famílias. Portanto, trazemos as realidades familiares em nossa carne e em nosso coração. Não somos pessoas desinteressadas por essas realidades ou distantes delas. Deve ser sempre recordado isso: os membros do Sínodo são bispos, os bispos são pastores e os pastores são aqueles que estão a serviço de um povo que amam e que querem conduzir a Deus. Se se considera isso, então a chave de leitura de muitas das coisas, que a mídia por vezes forçadamente enfatiza, é colocada na justa perspectiva e as coisas são melhor entendidas.”

RV: Por fim, qual é o caminho para encontrar uma síntese face a divergências, que efetivamente existem como sobre o tema, que o senhor citava, relacionado à Eucaristia para os divorciados e os recasados...

Dom Bruno Forte:- “A estrada é caminhar em profunda comunhão com o Papa Francisco, com o primado do Evangelho e da graça, com a gradualidade do acompanhamento e da integração. Creio que se poderá encontrar um amplo consenso sobre isso e depois será o Santo Padre a definir as formas em matéria concreta, porque o presidente do Sínodo é ele, a quem entregaremos o fruto do nosso trabalho.” (RL)

Ouça clicando acima








All the contents on this site are copyrighted ©.