Card. Coccopalmerio: doutrina abstrata não olha para a pessoa concreta


Cidade do Vaticano (RV) - A Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos dedicada à família inicia, esta segunda-feira, a segunda das três semanas previstas, cujas atividades "têm se desenvolvido num clima de grande fraternidade": é o que afirma o presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, Cardeal Francesco Coccopalmerio. Entrevistado pela Rádio Vaticano, eis o que disse o purpurado:

Card. Francesco Coccopalmerio:- “Diria, em primeiro lugar, que há muita fraternidade, sobretudo nos Círculos menores: agora que se conhece mais entre si, se fala muito livremente – e isso é um grande valor porque o Papa fez uma veemente exortação nesse sentido – e se valoriza mais facilmente as opiniões dos outros, mesmo se diferentes das próprias. Isso me parece uma coisa muito boa. Ademais, esperamos que as coisas continuem com essa liberdade e fraternidade.”

RV: Na missa inaugural do Sínodo, o Papa disse que uma Igreja com as portas fechadas trairia a si mesma: os senhores sentem o empenho de estarem unidos, na vigília do Jubileu da Misericórdia?

Card. Francesco Coccopalmerio:- “Certamente! Essa abertura das portas, da qual também é símbolo a abertura da Porta Santa no Jubileu, é fundamental para a Igreja. Certamente, a Igreja tem uma doutrina que deve manter firme, porém, se se olha diretamente para a doutrina para depois olhar para a pessoa, pode haver mais dificuldade a entender a pessoa; se, ao invés, se olha diretamente para a pessoa e seus sofrimentos, suas necessidades concretas, depois se encontra na doutrina uma luz para ir ao encontro da pessoa. Olhando diretamente para a pessoa, seus sofrimentos, suas necessidades concretas, encontra-se aquele estímulo que, ao invés, não se tem olhando mais de forma abstrata única e diretamente para a doutrina.”

RV: Pode se dizer que é um Sínodo pastoral e não doutrinal? É aceitável essa distinção?

Card. Francesco Coccopalmerio:- “Eu não contraporia ‘doutrinal’ a ‘pastoral’, porque a doutrina está para a pessoa, para o bem da pessoa, e a pastoral está para o bem da pessoa. Porém, por vezes, a doutrina deve considerar a situação da pessoa, ou melhor: deve tornar-se luz para dar uma resposta às necessidades concretas. Portanto, se poderia dizer: contrapomos doutrina abstrata a pastoral, mas não doutrina a pastoral.” A doutrina serve, em seu núcleo profundo, para iluminar e para resolver os problemas concretos.”

RV: Uma parte da imprensa fala deste Sínodo como um lugar onde se contrapõem bispos de diferentes correntes. Falando de dentro, como o senhor vive o Sínodo?

Card. Francesco Coccopalmerio:- “Há pareceres diferentes e isso é realmente um bem, porque se todos pensassem do mesmo modo sobre realidades que evidentemente são suscetíveis de pensamentos diferentes, seria uma coisa muito pobre, muito negativa. Ao invés, esse pensar diferente constitui uma riqueza. E é uma grande riqueza poder expressar o próprio parecer, mesmo se diferente do parecer de outros irmãos, de outros Padres sinodais, ou mesmo se diferente da maioria dos pareceres dos outros coirmãos ou Padres sinodais. Portanto, diria que são duas riquezas: ter pensamentos diferentes e poder expressar o próprio pensamento com liberdade e alegria.”

RV: Confiando no Espírito Santo, se encontrará uma síntese?

Card. Francesco Coccopalmerio:- “Certamente! Devemos ter plena confiança no Espírito Santo e devemos também expressar isso na oração. Isto é, não somente pedir a luz, mas também dizer ao Espírito Santo: “Estamos certos de que nos ajudará a encontrar um entendimento, uma síntese final de comunhão”. No Evangelho se diz: “O Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem” (Lc 11,13b), porque o único objeto certo de oração, a que certamente o Pai não pode esquivar-se, é o do pedido do Espírito Santo. Portanto, pedir o Espírito Santo nestes dias, mesmo com uma breve oração repetitiva, creio que seja verdadeiramente muito importante.” (RL)








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