Sínodo: Círculos Menores, mais esperança e confiança à família


Cidade do Vaticano (RV) - Depois das palavras proferidas pelo Papa Francisco, nesta sexta-feira (09/10), na abertura da 4ª Congregação Geral do Sínodo dos Bispos, os trabalhos na Sala do Sínodo prosseguiram com os relatórios dos treze Círculos Menores, relativos à primeira parte do Instrumento de Trabalho dedicada ao “Ouvir os desafios sobre a família”.

Menos crise, mais esperança: esta é a observação que emerge com frequência dos relatórios dos Círculos Menores. “A beleza e a vitalidade da família baseada no matrimônio indissolúvel entre homem e mulher, o seu ser escola de humanidade, cruzamento de integração que dá força ao tecido social”, explicam os relatores dos Círculos, “não são muito evidenciados no Instrumento de Trabalho que muitas vezes parece fazer uma análise sociológica dos desafios relativos aos núcleos familiares, fazendo um lista dos problemas, e  esquecendo o olhar da fé, o olhar de Cristo”.
 
Ao contrário, sublinham os grupos linguísticos, “o que deve emergir mais é a Igreja do sim, que doa confiança e esperança às famílias, sem embelezar ou negar as suas dificuldades objetivas”.

Uma segunda observação diz respeito à Pastoral familiar: se a família está em crise, sublinham os treze relatórios, em que os Padres sinodais também fazem uma autocrítica, talvez seja porque faltou a educação justa para a fé. A própria Igreja, num certo sentido, é responsável pela situação da família hoje, porque teve em relação a ela um pensamento não em sintonia com a realidade, muito normativo e sem uma visão integral. Os Padres sinodais exortam a recordar que a Igreja é servidora, não patroa, da família e que a ela deve muito, porque o seu futuro passa próprio por ali. 

Os Círculos Menores refletem sobre a estrutura e a linguagem do Instrumento de Trabalho, destacando os aspectos excessivamente ocidentais, ‘eurocêntricos’, que o caracterizam, o estilo pouco atrativo e os traços um pouco confusos, sobretudo ao individuar os destinatários aos quais se dirige. Espera-se que o documento final da assembleia seja escrito de maneira mais fresca, linear, clara, não muito técnica, para ser de fácil entendimento para todos.

Os treze relatórios convergem em alguns pontos particulares: pede-se, por exemplo, uma maior ênfase sobre a “teoria do gênero” e os riscos de sua difusão, e às vezes a sua imposição nos programas das escolas, transformando-os num pensamento único que danifica a família. Encontra-se unanimidade também na questão dos migrantes e refugiados para os quais se deseja uma pastoral específica, tanto na Igreja de proveniência quanto na de acolhimento. A esse propósito, se reitera que a questão migratória é um desafio no âmbito do confronto religioso e se convida a sublinhar não somente os direitos, mas também os deveres dos migrantes.

Os relatórios dos grupos linguísticos pedem uma maior reflexão sobre a importância dos idosos na vida familiar, em particular sobre o papel dos avós, como também sobre os desafios da deficiência cujos aspectos devem ser mais evidenciados e valorizados.

Alguns Círculos Menores dão propostas específicas: por exemplo, inserir no documento final da assembleia histórias de vida familiar ou de santidade que são exemplos para os fieis; acrescentar citações bíblicas; refletir mais sobre o tema da castidade e  educação afetiva, sobretudo para os jovens; dar mais atenção para a influência da tecnologia sobre a vida familiar, sobretudo em relação a internet e a pornografia; aprofundar o tema da bioética, cujos desenvolvimentos podem danificar o ser humano em sua essência e seu valor.

Dos grupos linguísticos chega a satisfação pelo método de trabalho: o confronto direto entre os Padres sinodais que falam o mesmo idioma, mas vivem histórias, realidades e culturas diferentes em vários países, é uma verdadeira experiência de catolicismo. Certo: as emendas apresentadas para a primeira parte do Instrumento de Trabalho são numerosas. Os Padres sinodais estão conscientes de que todas as suas contribuições poderão ser acolhidas, mas resulta vencedor o desafio da escuta recíproca. (MJ/IP)








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