"Povo líbio quer virar a página", diz Vigário Apostólico em Bengasi


Bengasi (RV) – “Esperávamos notícias positivas como esta com expectativa. O povo líbio sofreu bastante. Quer deixar tudo isto prá trás e virar página”. Foi o comentário do Vigário Apostólico de Bengasi, Dom Sylvester Carmel Magro, poucas horas após o anúncio da criação de um governo de unidade nacional, nomeado pelo mediador da ONU Bernardino Leon. “Agora é fundamental que as duas partes aprovem as nomeações e subscrevam o acordo”, sublinha o religioso, acrescentando que “muitos na Líbia se alegram por aquele que é considerado como um primeiro, tímido passo em direção à paz”.

Ocasião histórica para consentir ao país olhar para o futuro

O enviado ONU confirmou que o acordo – que prevê a nomeação de um Premier, três Vice-ministros, 20 Conselheiros e um Conselho de Estado não estará mais sujeito a modificações e deverá ser ratificado por ambos atuais parlamentos até 20 de outubro. “Esperamos e rezamos para que o nosso sonho de uma Líbia pacificada torne-se realidade – observa ainda o Vigário. É uma oportunidade histórica para permitir ao país olhar para o futuro”.

Satisfação da ONU

A reviravolta anunciada pelo Representante especial da ONU para a Líbia poderá concluir definitivamente a fase do pós-Kadafi, caracterizada por quatro anos de batalhas entre facções internas, o que fez com que existissem dois Executivos: o de Tobruk, reconhecido pela comunidade internacional, e o de matriz islâmica com sede em Trípoli. A ONU expressou satisfação pelo importante objetivo alcançado. A Rádio Vaticano ouviu Arturo Varvelli, expert em Líbia do Instituto de Política Internacional:

“É um primeiro passo, mas as próximas horas serão decisivas para entender quer como as partes políticas em seus interesses acolherão esta possibilidade, quer sobretudo como acolherão, por outro lado, as milícias de várias partes. O fato que Bernardino Leon tenha declarado os nomes abertamente parece também uma espécie de antecipação da diplomacia internacional em relação às facções líbias. De qualquer forma, isto é, existe a tentativa por parte da comunidade internacional, dos países ocidentais, dos países europeus, de estender a mão aos líbios e de colocá-los diante da prova dos fatos, talvez não tendo um consenso amplo e geral, o que seria, por outro lado, necessário para a formação real de um verdadeiro governo e a dissolução dos dois parlamentos em um único”.

- O Executivo representa todas as facções líbias e existe o risco de que alguma delas, excluída, possa querer, de alguma forma, dar início ao um novo conflito armado?

“Existe certamente este risco e existem aos menos duas razões de perigo. A primeira é constituída pelas milícias radicais, islâmicas, que exercem uma forte pressão sobre o governo de Trípoli. Elas, naturalmente, poderiam sabotar o processo de transição e poderiam também convergir taticamente com outros grupos radicais como o Estado Islâmico, que talvez tenha pouco a compartilhar com elas, mas que encontrariam no denominador comum da nova tentativa de transição democrática, um inimigo comum. Por outro lado, temos o General Haftar, que preside as forças militares pertencentes ao governo de Tobruk, mas que talvez, na realidade, respondam unicamente a Haftar, e Haftar poderia não aceitar esta ordenação, mesmo porque poderia perder o posto em breve, visto que era uma das condições que haviam exigido os elementos políticos da Tripolitania”.

- Olhando positivamente, quais são os motivos da união?

“Os motivos de união estão na organização do país, nestes meses. A situação política deteriorou-se, a situação da segurança da mesma forma, a violência está na ordem do dia e, sobretudo, também as condições econômica. Estes três fatores devem levar os líbios a um acordo, não pode ser de outra forma. Todavia, este acordo foi longamente elaborado, portanto as preocupações permanecem. Fica o fato, sobretudo do ponto de vista econômico, de que o país poderia chegar muito em breve a uma crise fiscal, se os dois governos decidissem não serem dissolvidos. Assim, para evitar a crise fiscal e uma crise econômica, que recairia de forma pesante sobre a própria população, naturalmente, este acordo permanece uma pequena esperança”. (JE)

 








All the contents on this site are copyrighted ©.