Patriarca Twal agradece ao Papa. Mas política é surda aos apelos de paz


Cidade do Papa Francisco (RV) – As palavras do Papa Francisco fazendo um apelo pela reconciliação e pela paz no Oriente Médio na manhã desta sexta-feira (9), ao abrir a 4ª Congregação geral do Sínodo dos Bispos, chegam após mais um dia de violência na Terra Santa. Cinco palestinos já foram mortos e outros 11 feridos, nos confrontos com soldados israelenses, na barreira defensiva de Gaza. A confirmação é de fontes médicas, explicando que as violências desencadearam próximo ao Kibutz de Nahal Oz, após arremesso de pedras do outro lado da fronteira. De Gaza, o líder do Hamas Haniyeh lançou um apelo para aumentar a onda de agressões e transformá-la em uma nova Intifada para libertar Jerusalém. Nos dias passados ocorreram agressões contra judeus ortodoxos por parte de palestinos.  Nesta espiral de violência, a gratidão ao Papa Francisco pelo apelo em favor da paz na Oriente Médio expressaram, expressa por todos os prelados da região. A Rádio Vaticano ouviu a este respeito as palavras do Patriarca dos Latinos de Jerusalém, Dom Fouad Twal:

“Somos muito agradecidos pelo pronunciamento do Santo Padre. Francamente, eu havia falado com os outros Patriarcas católicos do Oriente Médio, pedindo ao Sínodo para fazer um apelo, porque não podemos calar diante daquilo que acontece, especialmente em Jerusalém. Recordemos todos os discursos do Santo Padre, em maio do ano passado, a sua parada no Muro que separa Belém de Jerusalém; nos recordamos muito bem da sua boa intenção de nos reunirmos nos Jardins Vaticanos com os dois presidentes, israelense e palestino.... Porém, no final, vemos que não houve nenhum resultado, pois há uma total falta de boa vontade política. Também aqui, no Sínodo, todas as nossas boas intenções como pastores permanecerão como boas intenções, se a política não vem ajudar-nos concretamente. Porque não nos basta estudar o status da situação: devemos encontrar a solução. Não se chegará a uma solução, a conseguir resultados sem a política, sem a boa política, equilibrada, justa, calma. Eu me sinto um pouco limitado – para não dizer “humilhado” – quando ao voltar para Jerusalém me perguntarão: “E o que vocês fizeram?”, e a resposta será: “Fizemos o possível”. Porém, dado que não existe colaboração direta da política, dos próprios políticos, permanecemos um pouco como que com as mãos amarradas...”

- Claramente, quando fala de política, o senhor se refere à política internacional?

“Certamente, a política internacional, porém em modo especial falo da política americana e israelense: é inútil negá-lo. Há um mês tivemos uma conferência internacional em Paris para tratar dos refugiados, do extremismo, da violência e do terrorismo. Eram 60 países, incluindo a Itália e a Santa Sé. Porém, para minha grande surpresa, faltava Estados Unidos da América e Israel...”

- A política é surda aos vossos apelos?

“Mais que surda, não entramos na agenda deles: nós, como Igreja, nós como comunidade cristã... Também a nossa presença e a nossa não-presença, nesta política internacional sem ética, não diz nada. Não somos levados em consideração como se deve”.

- Em Israel, Jerusalém, parece se difundir o clima de tensão nestas últimas horas, com represálias. Os católicos, em particular, as famílias, como vivem?

“Vivem muito, muito, muito mal há pelo menos um mês, desde quando começaram a construir o muro de Cremisan nos territórios cristãos, um muro que não protege de ninguém. O fato de que todos estes atos de morte e de violência tiveram lugar dentro do muro e não fora dele, quer dizer que é inútil pretender que este muro seja uma proteção. Nenhum muro protege ninguém. Existe uma lei, existe um respeito recíproco: respeitemos a dignidade de cada um, estejamos em paz; de outra forma é inútil fazer a paz com a força...”. (JE)

 








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