Destruição em Palmira é uma advertência ao Ocidente, diz Dom Audo


Damasco (RV) – “Não é uma mensagem interna, para a Síria, mas uma advertência à comunidade internacional, em particular aos Estados Unidos e Europa, que dão maior atenção aos bens e peças arqueológicas”. Foi o que afirmou à Agência Asianews o Arcebispo Caldeu de Aleppo, Dom Antoine Audo, ao comentar a destruição pelo autoproclamado Estado Islâmico do Arco do Triunfo, em Palmira, que remonta à época romana de pelo menos dois mil anos atrás.

Os milicianos transformaram em pó o monumento até agora conservado dentro de uma área que, se permanecer ainda por um longo tempo em suas mãos, está destinada a ser “condenada”, como refere o chefe do Departamento para a Arqueologia e os Bens Antigos do governo sírio, Maamoun Abdulkari. Já Dom Antoine Audo, ao comentar o novo ataque ao patrimônio cultural, explica que “por meio destes gestos os milicianos querem mostrar ao exterior a sua força, a violência, o domínio sobre o mundo árabe e muçulmano. Um ato de grande propaganda midiática”.

Aumento da violência complica situação dos cristãos

O Arcebispo caldeu de Aleppo fala à Asianews de uma “situação dramática” que piora sempre mais. “As pessoas ficaram pobres, doentes, não têm dinheiro para comprar comida, tudo é caro”. No entanto, os milicianos continuam a “lançar a sua mensagem, querem dar a entender que são poderosos e que têm os meios para provocar medo. E também o Ocidente – adverte – está em perigo diante destes grupos extremistas”. O aumento da violência e terror complica ainda mais a já frágil situação da comunidade cristã, que vê um êxodo de famílias e jovens que “parece não ter fim”.

A Igreja defende uma solução política para chegar à paz

“A Igreja trabalha para manter esta presença cristã no Oriente Médio e na Síria viva e atuante – prossegue o prelado – como sinal de pluralidade e dignidade. Todavia, nos parece que o Ocidente não presta atenção a este aspecto; o desaparecimento dos cristãos seria uma perda não somente para as Igrejas Orientais, mas também para o próprio Islã; sem esta presença, haveria espaço somente para a violência pura e simples, uma violência desejada por um lado, para poder continuar a destruir”. A Igreja síria – conclui Dom Audo – procura, dentro do possível, “dar um futuro melhor às famílias e aos jovens oferecendo educação, comida, assistência de saúde e apoio psicológico; mas sem a paz, sem uma solução política, guerra e violência são destinadas a continuar”.

Guerra já causou 240 mil mortos e 10 milhões de deslocados

“Desde março de 2011, data do início dos conflitos entre o governo Assad e uma multiforme coalisão de opositores, morreram cerca de 240 mil pessoas. Os deslocados, segundo dados das Nações Unidas, são cerca de 10 milhões. Pelo menos 4 milhões escolheram as nações fronteiriças – Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque – enquanto outros 150 mil pediram asilo na União Europeia. Os outros 6,5 milhões são, por outro lado, deslocados internos, pessoas que tiveram que abandonar tudo mas escolheram permanecer no país. (JE)

 








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