Igreja pelos refugiados: "queremos e devemos fazer mais", diz Dom Joseph


Cidade do Vaticano (RV) – Na manhã desta quinta-feira (1º), na sala João Paulo II do Vaticano, uma coletiva de imprensa apresentou a mensagem do Papa para o próximo Dia Mundial do Migrante e do Refugiado (que será celebrado em 17 de janeiro de 2016). O tema será: “Migrantes e Refugiados nos interpelam. A resposta do Evangelho da misericórdia”.

A mensagem pontifícia faz refletir sobre como podemos viver as atuais mutações migratórias para transformá-las em oportunidade para um autêntico crescimento humano, social e espiritual. Os fluxos modernos no mundo, segundo dados do Relatório de 2013 da Organização Internacional para as Migrações, são na sua maioria promovidos por homens. Outra característica evidenciada na pesquisa, é que os migrantes do sul do mundo são sempre mais jovens, de idade até 24 anos; ao contrário daqueles até os 65 anos que têm maior presença nos países ao norte do mundo.

O estudo revela ainda que entre os anos de 1990 e 2013 o número de migrantes internacionais aumentou em 50%, na sua maioria hoje morando em regiões desenvolvidas. Entre os anos de 2010 e 2013, a Europa recebeu o maior número deles, seguida da Ásia e da América do Norte.

Já se tratando de refugiados, com dados recentes de setembro deste ano, a Organização Internacional faz saber que 522.134 pessoas chegaram na Europa pelo mar em 2015 e 2.892 morreram ou estão desaparecidas principalmente no Mar Mediterrâneo. Quando se trata de saber de onde vieram os refugiados que neste ano chegaram na Itália, por exemplo, a maioria vem da Eritreia, Nigéria, Somália, Sudão e Síria. Segundo estatística de um outro estudo publicado em janeiro de 2015 pela ACNUR, são mais de 46 milhões os refugiados no mundo, sendo mais da metade deles crianças.

“Perante uma situação em que a migração está assumindo proporções imensas e com muitas tragédias acontecendo em todo mundo”, analisou o Cardeal Antonio Maria Vegliò, presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, “não se pode ficar indiferente e em silêncio. Reconhecemos esse fenômeno, em todas as suas formas, que nos interpela a dar uma resposta”. Normalmente se trata de “homens e mulheres pobres, com fome, perseguidos, feridos espiritualmente ou fisicamente, explorados ou vítimas de guerra” que procuram uma vida melhor.

A mensagem do Papa, como explica o cardeal, é dividida em duas partes. Na primeira são evidenciadas três questões sobre as quais os migrantes interpelam tanto os indivíduos como as comunidades. Na segunda parte, o Santo Padre enaltece outros três temas: a solidariedade ao próximo, a misericórdia que leva a cultivar a cultura do encontro e a defesa do direito de cada um de viver com dignidade, permanecendo na sua própria pátria – o que comporta a necessidade de ajudar os países de ondem partem os migrantes e refugiados.

O Dia, que será o Jubilar do Migrante e do Refugiado, transforma-se numa oportunidade concreta para toda a comunidade cristã refletir, rezar e agir, disse o cardeal. Posicionamento compartilhado na coletiva de imprensa pelo secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, Dom Joseph Kalathiparambil: “nesse contexto nos perguntamos qual é a posição da Igreja, o que está fazendo e o que ainda pode fazer. Em primeiro lugar, a Igreja é porta-voz dos mais fracos perante a comunidade internacional, denunciando injustiças e indiferenças, sensibilizando a sociedade, encorajando a solidariedade e favorecendo o diálogo”.

“Em segundo lugar”, acrescentou Dom Joseph, “A Igreja se empenha a oferecer respostas concretas. É importante lembrar o trabalho, muitas vezes silencioso, que há tempos levam para frente as dioceses, as congregações religiosas e as associações e movimentos eclesiais. Mas queremos e devemos fazer ainda mais”. O objetivo primordial ao ‘receber’ é a integração dos refugiados na sociedade, oferecendo a eles os instrumentos para alcançar a autonomia necessária e “evitando cair no assistencialismo e, como sugere o Santo Padre, propondo itinerários de integração a curto e longo término” para ir além de uma resposta imediata.

O secretário ainda lembra o papel central do Estado como “primeiro responsável do acolhimento dos refugiados e máximo responsável da proteção deles. A Igreja não quer substituí-lo, mas deseja servir de apoio. Tudo deve acontecer no diálogo entre as relativas autoridades civis”. É importante não esquecer de considerar no momento do acolhimento, lembrou Dom Joseph, aspectos legais, sanitários, psicológicos, de trabalho, econômicos, religiosos, culturais e educativos. (AC)








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