2015-09-22 10:58:00

Igreja em Burkina Faso: com o golpe Dienderé sufoca qualquer forma de liberdade


"Os burquinenses foram humilhados, profundamente feridos por esta rebelião que eclodiu por motivos ainda não claros para ninguém, mas estão determinados a não admitir mais aldrabices e aldrabões, nem repressões pela força. Se Dienderé não ceder à razão haverá tempos duros” – palavras de Dom  Laurent Dabiré, Bispo de Dori em Burkina Faso, a propósito do golpe de Estado que ocorreu na última semana naquele País africano, na sequência do qual Gilbert Dienderé foi nomeado chefe do Conselho de Transição.

Numa entrevista publicada pelo boletim  "Vida diocesana de Pinerolo" e citado pela agência SIR, Dom Dabiré diz: "Eu estava em Ouagadougou no próprio dia do golpe de Estado. Do meu quarto ouvi os tiros das 15 horas até a manhã seguinte e novamente na quinta e sexta-feira, sem interrupção". "Tentando regressar a Dori - acrescenta - encontrei-me diante de uma multidão de jovens que, apesar de terem posto barreiras na estrada, indicaram a mim, aos dois sacerdotes e à religiosa que comigo viajavam, o melhor percurso para chegar à cidade. Os ouvíamos gritar frases contra Dienderé, aquele que se coloca como protector e porta-voz do povo burquinense mas que, na realidade,  lhes sufoca qualquer forma de liberdade e de expressão". "Os jovens merecem ser ajudados - é o apelo de Dom Dabiré - porque procuram o seu futuro no terreno. Se, porém, eles perdem a confiança, a emigração tornar-se-á difícil de parar”.

Depois das manifestações destes dias a situação voltou à uma calma precária no país, embora o risco de novos combates continue a ser elevado. Como informam fontes da agência MISNA, na capital Ouagadougou começaram, na verdade, a circular descontentamentos sobre a proposta vinda ontem da Comunidade Económica dos Estados da África ocidental (CEDEAO) que prevê a reinstalação do Presidente da Transição Michel Kafando, deposto na semana passada, em troca de uma amnistia aos militares golpistas. Para a população que nos últimos dias desceu às ruas são inaceitáveis, para além da amnistia, a previsão de eleições até 22 de novembro, em que possam também participar os partidários do ex-presidente Blaise Compaoré, que fugiu do país em outubro último após 27 anos no poder. Precisamente do círculo mais chegado ao ex-chefe de Estado faziam parte o general Gilbert Dienderé, que assumiu a liderança dos golpistas do Regimento de Segurança Presidencial (RSP), a guarda de elite do velho líder. (BS)








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