Cidade do Vaticano (RV) - O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, concedeu uma entrevista à nossa emissora sobre as atividades do Papa Francisco neste domingo (20/09), em Havana, Cuba, primeira etapa de sua 10ª viagem apostólica internacional que o levará também aos Estados Unidos.
Sobre a missa celebrada pelo pontífice na Praça da Revolução ‘José Martí’, o jesuíta disse que “a celebração é sempre o ápice da viagem pastoral do Papa. É o grande encontro com a comunidade cristã. É o momento da fé e da comunhão. Na missa de domingo, cinco crianças fizeram a Primeira Comunhão com o Papa. Isso pode ser considerado um pequeno sinal de esperança e indicação da vitalidade de uma Igreja que cresce: as crianças, os jovens que se aproximam do Senhor e podem se nutrir Dele para construir o seu futuro. Dessa celebração recordamos a devoção, porque foi uma missa muito participada, serena, com uma homilia muito bonita sobre o serviço ao Evangelho, sobre a maneira de como viver juntos numa sociedade que têm os seus problemas, suas fragilidades, e começar servindo os mais frágeis e pequenos. No Angelus recordamos as tratativas de paz na Colômbia que neste período se realizam, em Cuba. Isso significa que o Papa continua olhando para os problemas da paz no mundo com muita atenção e deu uma mensagem muito forte para aqueles que estão tratando, dizendo: ‘Não é possível que se tenha uma nova falência das tratativas neste momento’. Portanto, um incentivo muito grande a caminhar rumo à paz.”
Depois houve o encontro com Fidel Castro
Pe. Lombardi: “O encontro com Fidel Castro estava previsto, não obstante não estivesse
no programa oficial. Era preciso ver quando e como seria realizado, mas todos sabiam
que era um grande desejo do comandante Fidel de ver o Papa, como foi forte o seu desejo
de ver o Papa Bento XVI durante de sua visita precedente, falar com ele, fazer-lhe
perguntas, porque Fidel nesta fase de sua vida, certamente é uma fase conclusiva,
é uma pessoa idosa, vive de estudo e reflexão. Ele lê muito e se interessa em fazer
perguntas, em dialogar com pessoas que têm grande experiência. Aconteceu assim com
o Papa Bento XVI e foi também assim com o Papa Francisco. Fidel pediu a Bento XVI
para dar-lhe alguns livros que lhe ajudassem em suas reflexões. Sabendo disso, o Papa
Francisco tomou a iniciativa e presenteou alguns livros a Fidel. Ele levou ao comandante
dois livros de Pronzato, autor católico, sacerdote italiano que muitos conhecem como
autor fecundo de considerações espirituais e catequéticas. Levou também um livro e
dois CDs do Pe. Llorente, jesuíta, morto alguns anos atrás, que esteve muito próximo
a Fidel Castro como educador quando ele, garoto, ia à escola dos Jesuítas no Colégio
de Belen. Esta evocação de sua relação com um educador que tocou profundamente a sua
vida na juventude foi também um pensamento significativo da parte do Papa que lhe
deu também os dois grandes documentos escritos recentemente por ele: a ‘Evangelii
gaudium’ e a ‘Laudato si’. A ‘Laudato si’ pensando nos assuntos que interessam a Castro,
também nesta fase de sua vida, nas grandes perguntas do mundo de hoje e seu futuro.
Certamente, é um documento que ele achará interessante. Por sua vez, Fidel Castro
deu ao Papa um livro também conhecido: ‘Fidel e a religião’ de Frei Betto. Foi um
momento de familiaridade na presença de vários membros da família, e certamente um
momento positivo.”
Na parte da tarde houve dois eventos muito intensos: com os religiosos e consagrados
na catedral, e com os jovens. O Papa colocou de lado o texto e falou espontaneamente.
Pe. Lombardi: “Sim. Para os jovens estávamos certos, pois ele sempre faz assim. Para os religiosos, ele faz assim e fez também desta vez, porque estimulado por duas intervenções muito bonitas e eficazes. As palavras do Cardeal Ortega e da religiosa que trabalha numa instituição para deficientes mentais. O testemunho do jovem que falou sobre o desejo de sonhar a um país melhor, renovado, e do compromisso dos jovens em favor do diálogo não obstante as diferenças. Ele encontrou estímulo nessas intervenções para reagir com os seus pensamentos. Com os religiosos falou sobre a pobreza, misericórdia, perdão e humildade de Cristo que serve aos outros começando pelos pequenos e pobres. Para os jovens falou sobre o sonhar: sonhar no sentido positivo, de ter grandes ideias, de não ter medo de fazer grandes coisas para o bem comum do país. Fazer isso em diálogo com os outros, não sozinhos, tendo como exemplo a cultura do encontro que é uma característica do Papa Francisco que vê no diálogo e no encontro com os outros, a possibilidade de construir um caminho comum orientado ao bem comum, ao crescimento da pessoa, sua dignidade e respeito pelo outro não obstante as perspectivas, experiências e ideologias diferentes.”
O Papa esta contente?
Pe. Lombardi: “Certamente. Em alguns momentos se sente o cansaço, mesmo porque um dia como esse é extremamente intenso. O Papa reage sempre com uma energia extraordinária. Quando fez esses dois discursos espontaneamente, sentimos a força espiritual, física e moral que o conduz neste seu ministério pelo mundo.” (MJ)
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